POPULISMOS (1)
O Populismo é a doutrina ou prática política que procura ganhar vantagens com o apelo a reivindicações ou preconceitos, amplamente, disseminados entre a população, quase, sempre com um cariz paternalista e assente na ideia de que a liderança política deve ser exercida, em estreita ligação com o povo, sem a intermediação de partidos.
Quem não sabe apontar exemplos claros de populistas? Assim e de supetão, lembro-me, logo, de Donald Trump, Kim Jung-un e Nicolas Maduro. Parece seguro dizer-se que o populismo é perigoso e pode gerar uma interminável onda de conflitos, que nos levará sempre para o princípio do abismo. Restar-nos-á sempre a alternativa de morrer junto ao rebordo do mesmo ou saltar para dentro dele.
Mas todos os exemplos, são lá longe, não nos afectam directamente, porquê pensar nisso, neste nosso país de brandos costumes? Simplesmente, caras e caros leitores, porque, por cá, vão surgindo sintomas de populismos que tem que nos dar como pensar.
Comecemos por um que nasceu há cerca de 4 anos, se fez contra os partidos, mas contou com o apoio de um, assentou na liderança de um homem só e que, recentemente, se deu ao luxo de dispensar o apoio de quem o auxiliou a governar uma Câmara.
Passemos agora a um comentador globetrotter, que escreve sobre a possibilidade de ser reintegrada a pena de morte, em casos de terrorismo, de ser proibida e banida, da Europa, a comunidade islâmica e arenga contra a comunidade cigana.
Demos uma volta por um governo que, depois de passar uns meses a assobiar para o lado e se mostrar muito emocionado, perante a tragédia, passa todo o tempo a deitar culpas, sobre a GNR, primeiro, sobre o SIRESP, depois, sobre os incendiários, agora. Tudo, menos, fazer o que se deve fazer – reformas da política agraria, sobre o modo de estruturar a protecção civil, da politica de financiamento da prevenção de fogos florestais.
Terminemos com os candidatos a uma camara municipal, eleitos com base em promessas que não cumpriram, com apelos ao ódio a determinadas personagens e promessas (não cumpridas) de os recolocar no seu devido lugar, que levaram os seus concelhos à subsidio-dependência. Candidatos que tem a lata de dizer que “agora é que é”, que “vão fazer mais e melhor”.
Tudo isto é, minhas caras e meus caros leitores, populismo. Porque apela aos nossos preconceitos, porque parece a alguns ser uma verdade absoluta e porque podem ser rebatidos com números, mas dá muito trabalho e nem todos o querem fazer.
Vamos a isso?
Carlos Bianchi
Advogado
Publicado in entre-o-montemuro-e-o-paiva.blogspot.pt
(continua)