O Instituto Politécnico de Coimbra anunciou hoje que está a desenvolver um projeto de prevenção do risco de incêndios florestais em zonas industriais, que visa criar de diretrizes de proteção na construção e organização destes polos.
Intitulado InduForestFire, o projeto é liderado por Joaquim Sande Silva, docente na Escola Superior Agrária do Politécnico de Coimbra (ESAC-IPC), tendo nascido na sequência dos incêndios que devastaram o Centro do país em 2017, tendo, sobretudo, provocado prejuízos avultados nas zonas industriais de Oliveira de Frades (Viseu) e de Mira (Coimbra).
Financiado pela Fundação para a Ciência e Tecnologia (FCT), o InduForestFire assenta num estudo em seis zonas industriais do Centro do país: Mira, Tocha, Oliveira do Hospital, Mortágua, Oliveira de Frades e Pedrógão Grande.
“Este é um projeto inovador na medida em que, pela primeira vez, duas equipas de áreas científicas muito distintas, as engenharias florestal e civil, tentam, numa mesma equipa, perceber o que esteve na origem dos elevados danos sofridos por várias zonas industriais durante os incêndios de 2017”, explica Sande Silva.
Ainda segundo o professor da ESAC-IPC, “esta parceria inovadora tenta encontrar soluções, quer ao nível das construções, quer ao nível da gestão da vegetação em torno das zonas industriais, no sentido de possibilitar a adoção de medidas legislativas cientificamente mais fundamentadas do que as que vigoram atualmente”.
Os resultados deste projeto, com a duração de três anos, permitirão estabelecer diretrizes de construção e proteção de zonas industriais, a serem definidas pelos municípios e suas associações. Estas políticas aplicar-se-ão tanto às zonas já existentes como a construir.
O projeto deverá apresentar resultados e propostas de ação já em 2021, resultando de uma parceria entre a Escola Superior Agrária do Politécnico de Coimbra, o Instituto de Investigação e Desenvolvimento (ITECons-UC), a Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil e a Comunidade Intermunicipal da Região de Coimbra.
Os incêndios de 2017 consumiram vastas zonas florestais e habitações em todo o centro do país. As zonas industriais não foram poupadas no incêndio de 15 de outubro, com os maiores prejuízos a serem registados em Mira e Oliveira de Frades.
Segundo estimativas divulgadas na altura, as chamas provocaram prejuízos de 32 milhões de euros e puseram em risco 340 postos de trabalho na Zona Industrial de Mira.
Em Oliveira de Frades, as chamas destruíram na totalidade 15 empresas, a maior parte ligada ao setor de transformação de madeiras, um prejuízo avaliado em 100 milhões de euros.