É usual ouvir a cada passo: “ F. teve berço”. Ter berço é ter sido educado nas regras da boa etiqueta e civilidade.
É de criança – o mais jovem possível, – que começa a educação. Ensina-se, não só regras exteriores: como se comportar, agir, e utilizar as palavras-chaves, que oleiam as relações interpessoais; mas, também, educar a alma, como recomendava Barrés.
Educar, é, portanto, incutir bons hábitos.
Somos a sequência de hábitos, que se transformam em costume.
Cria-se o hábito, depois este molda-nos: fisicamente e espiritualmente, esculturando-nos, por dentro, subjugando o pensamento. Ficamos servos do hábito.
Controla-se o hábito no início, mas uma vez, enraizado, libertar-se, é quase humanamente impossível, incrustando-se na personalidade.
Há hábitos bons e hábitos malsãos; e os que nem são, uma coisa nem outra.
Aparecem subtilmente, por: imitação de familiares, amigos, e com o convívio na coletividade.
Cortar radicalmente o hábito, requer força titânica. Adiá-lo: é chegar à ideia fixa.
Para se avaliar a força do hábito, vou contar fabula, atribuída a Esopo:
Uma gatinha, por sortilégio, foi transformada em formosa menina.
Estando à mesa – presumivelmente em casa de aristocrata, – deslumbra um rato.
Por hábito (instinto?) saltou da cadeira, e foi em demanda do ratinho.
É que o carácter, é formado por hábitos (costume) adquiridos ao longo da vida.
A “menina” traiu-se, levada pelo hábito, agindo como gatinha que era.
Frei Tomé de Jesus, ao abordar o mal dos vícios, afirma: que são o mal de todos males: “ Porque chamam uns tantos por outros, e abrem tanto caminho uns aos outros, que cada um deles parece que é a fonte de todo o nosso mal.” – “Trabalhos de Jesus”.