“As tradições não se inventam, as tradições cumprem-se”. É esta máxima que nos rege, enquanto Direção da Associação de Atividades Tradicionais das Cavalhadas de Vildemoinhos. O forte envolvimento desta direção na revitalização das tradições autênticas de Vildemoinhos, terra de moleiros e da broa trambela, tem sido a alma do nosso trabalho.
Somos um povo orgulhoso da nossa aldeia e, como tal, congratulamo-nos com a candidatura do nosso cortejo secular, As Cavalhadas de Vildemoinhos, às 7 maravilhas da Cultura Popular, na categoria de Rituais e Costumes.
O histórico, festivo e popular cortejo das Cavalhadas de Vildemoinhos, é feito de tradição e de fé, de devoção e alegria e deleita a cidade de Viseu todos os anos, no dia 24 de junho, há 368 anos.
Viseu e viseenses ficam de alma e coração cheios com os trambelos! E por esse motivo as Cavalhadas de Vildemoinhos são parte insubstituível do cartaz de eventos das Festas Populares da cidade, com crescente procura e potencial turísticos.
Assim, é por demais evidente o nosso desejo: homenagear e elevar o legado dos nossos antepassados através da candidatura às 7 Maravilhas da Cultura Popular.
Apresentarmo-nos como trambelos artistas que, imbuídos na alegria, na fé e no entusiasmo, renovamos a nossa identidade e história. Queremos mostrar como continuamos a erguer bem alto e a levar bem longe o nome das gentes da nossa terra e a dizer a todos que S. João Batista é o nosso santo padroeiro.
História das Cavalhadas de Vildemoinhos:
Reza a história que, em 1652, os moinhos existentes ao longo do rio Pavia estavam parados, porque a água do rio não corria. A responsabilidade seria dos agricultores, que para proverem às suas necessidade de rega fizeram açudes e represaram a água. Os agricultores necessitavam da água para regarem as suas culturas e os trambelos (habitantes de Vildemoinhos) necessitavam da água para fazerem mover as mós que moíam os cereais em Vildemoinhos.
O diferendo originou tumultos vários. Sem resolução à vista, os moleiros, na noite de São João, a pretexto de o festejarem, reuniram-se pela madrugada na capela de São João da Carreira, rogando-lhe que desse ao Pavia um volume de água suficiente para todos.
Foram também rio acima e destruiram os açudes e puseram de novo a água a correr. Assim, os moinhos tornaram a moer e estava assegurado o sustento deste povo. Os proprietários reclamaram ao juiz do povo e, após vários recursos apresentados, as autoridades de Lisboa deram razão aos moleiros. Estes deliraram de entusiasmo e resolveram ir, na noite de 23 para 24 de junho, em luzida cavalgada a São João da Carreira, agradecer ao santo. Para isso vestiram os seus melhores fatos, enfeitaram de fitas burros e cavalos e, levando à frente um grande “Estrondo”, puseram-se em marcha, com todos os seus serviçais, atrás deles, armados de alavancas, sacholas e roçadoiras. A partir desta data, os trambelos agradecem a São João e festejam todos os anos com as Cavalhadas.