Os praticantes e adeptos do ciclismo vão poder contar, a partir deste ano, com um novo desafio no Centro de Portugal: o Serra da Estrela Riders Challenge. O evento, com um concito inovador, foi apresentado hoje, no Centro de Interpretação da Torre do Estrela Geopark.
A prova, de inscrição gratuita, vai decorrer de 15 de agosto a 18 de outubro. Nesse período, os ciclistas amadores podem enfrentar as encostas da Serra da Estrela. O conceito deste desafio de ciclismo de estrada passa por cumprir três etapas, correspondentes a três circuitos desenhados nas vertentes que rodeiam o maciço central, com inícios e finais em Manteigas e em Seia. Ao contrário dos eventos com data e hora específica, neste desafio os participantes têm cerca de dois meses para alcançarem o objetivo final – a conclusão das três etapas – podendo escolher dias e horários para cumprir os diversos trajetos.
A Etapa Este, com uma distância de 77 km, comporta um desnível acumulado de 2.550 metros e passa por Manteigas, Vale da Amoreira, Verdelhos, Teixoso, Covilhã, Piornos, Torre, com regresso a Manteigas. A Etapa Oeste, de 102 km e desnível acumulado de 2.450 m, tem início e final em Seia ou Manteigas, com passagem pela Torre, Sabugueiro, Seia, Gouveia, Penhas Douradas e Manteigas. A Etapa Sul, com 115 km e desnível acumulado de 3.100 m, passa por Seia, Valezim, Vide, Pedras Lavradas, Alvoco da Serra, Loriga, Adamastor, Torre, Sabugueiro e Seia.
A sinalização de percursos, registo de dados, validação dos objetivos e a performance dos atletas é feita através de dispositivos eletrónicos e plataformas digitais já desenvolvidas para este fim, recursos que a organização utiliza para gerir e verificar todos os dados.
A apresentação contou com as presenças de Emanuel de Castro, coordenador executivo da Associação Geopark Estrela, António Queiroz, diretor da Ultra Spirit Sports, Joaquim Gomes, diretor da Volta a Portugal em Bicicleta, e José Mendes, ciclista do FC Porto e campeão nacional de estrada, além de Pedro Machado, presidente do Turismo Centro de Portugal e dos autarcas de Manteigas e Seia, Esmeraldo Carvalhinho e Filipe Camelo.
“É uma honra o Geopark Estrela poder acolher a apresentação deste projeto, tão importante para a divulgação do território”, começou por dizer Emanuel de Castro, lembrando que a Estrela integra, desde julho, os 161 Geoparks da UNESCO no mundo, num “reconhecimento internacional que veio dar uma nova responsabilidade e abrir novas possibilidades no desenvolvimento das comunidades deste território”.
António Queiroz apresentou sucintamente o Serra da Estrela Riders Challenge, sublinhando a “ligação natural que há muito existe entre a Serra da Estrela e o ciclismo”. “Queremos contribuir para o desenvolvimento do turismo sustentável nesta região”, disse, acrescentando que o desafio agora apresentado “é baseado em três circuitos, três etapas que passam pela Torre e pelos pontos mais icónicos da Serra, de forma a incutir nas pessoas a vontade de ficarem durante três dias”. “Um fim de semana não é suficiente, os participantes terão de ficar alojados três dias, ou voltarem cá três vezes”, frisou.
Joaquim Gomes salientou a importância histórica da região da Serra da Estrela para o ciclismo, que lhe deu “as maiores glórias, mas também os maiores desaires” enquanto ciclista profissional, tendo ambas as situações contribuído para a sua formação. “Quando vejo estes projetos numa região tão fantástica e quando vejo que a bicicleta tem uma importância cada vez maior na sociedade, fico muito orgulhoso. O futuro ligado à bicicleta está assegurado nesta região”, sustentou.
José Mendes partilhou da mesma opinião: “A Serra da Estrelas é das subidas mais desafiantes que um ciclista pode ter. Este circuito é um atrativo para as pessoas desafiarem os seus limites e verem até onde podem chegar. Estão reunidos todos os ingredientes para que este desafio seja um sucesso“.
Esmeraldo Carvalhinho, na qualidade de um dos anfitriões da prova, frisou que o ciclismo tem a capacidade “de aproveitar o potencial natural do nosso concelho de Manteigas”. “Estas atividades trazem à Serra milhares de pessoas e são importantíssimas para o nosso território”, disse.
Pedro Machado recordou que o ciclismo é um setor que, a nível europeu, representa 8 mil milhões de euros em viagens e 35 mil milhões em atividades, sendo “um setor poderoso na atratividade de receitas e de pessoas”. “O turismo deve representar valor acrescentado para as comunidades residentes, que devem sentir que ter turistas é uma vantagem. Eventos como este têm essa capacidade”, disse. “Acredito que a Serra da Estrela pode ter 365 dias de época alta, com neve no inverno e muitos meses de atividades, o que permite combater a sazonalidade e criar animação durante todo o ano. O pedestrianismo, o cicloturismo, a escalada, são atividades, entre outras, pelas quais a extraordinária Serra da Estrela tem grande apetência”, destacou.
A finalizar a apresentação, Filipe Camelo, manifestou visão idêntica, dizendo que “há condições pra aproveitarmos a Serra durante as quatro estações, trazendo valor acrescentado a todos. Acredito que esta prova, nestes moldes, trará valor acrescentado para a região”.