Momentos das comemorações dos 45 anos do 25 de Abril de 1974 em Moimenta da Beira

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O dia esteve chuvoso, quase invernal, mas mesmo assim cumpriu-se Abril, com ventos de liberdade, águas mil e céu auspicioso, proclamador de esperanças. Cumpriu-se Abril, este ano com a música (a história da música e das canções que construíram Portugal livre) como tema basilar das comemorações. E Rui Vieira Nery, o orador convidado, fê-lo com autoridade suprema. Falou dos hinos republicanos desde o tempo da Maria da Fonte e de “A Portuguesa”, que hoje é um dos símbolos nacionais de Portugal (o seu hino nacional), explicando que esse hino nasceu como uma canção de cariz patriótico em resposta ao ultimato britânico para que as tropas portuguesas abandonassem as suas posições em África, no denominado ‘mapa cor-de-rosa’. A letra foi escrita por Henrique Lopes de Mendonça e a música composta por Alfredo Keil em 1890. “A Portuguesa” veio a transformar-se no hino nacional em 1911.

Rui Vieira Nery falou depois das canções da liberdade, cantos de luta da Oposição Democrática ao longo da Ditadura, desde as “Canções Heróicas” de Lopes Graça à geração de José Afonso, Adriano Correia de Oliveira e Luís Cília, e à de Sérgio Godinho e José Mário Branco. Recordou também a importância de Ary dos Santos, Manuel Alegre, David Mourão-Ferreira, José Niza, José Jorge Letria, como escritores de letras dessas canções de intervenção que fizeram ruir o regime de Salazar e Caetano. A comunicação de Vieira Nery (ex-Secretário de Estado da Cultura, Musicólogo, Investigador, Diretor do Programa Gulbenkian de Língua e Cultura Portuguesa e Presidente da Comissão Científica da Candidatura que elevou o Fado a Património Imaterial da Humanidade em 2011) foi bela, elucidativa e pedagógica.

Protocolarmente, discursaram na sessão solene o Presidente da Assembleia Municipal, Alcides Sarmento; Cristiano Coelho, Vereador do CDS-PP; João Xavier, Vereador do PSD; e José Eduardo Ferreira, Presidente da Câmara Municipal. Pediu também a palavra Jorge Mota dos Santos, Deputado da Assembleia Municipal (PS). O tom dos discursos, esse foi sempre de exaltação aos valores de Abril.

No resto, o programa incluiu ainda o Içar das Bandeiras e Hino Nacional com guarda-de-honra pelo Corpo de Bombeiros Voluntários; a visita ao Parque da Liberdade, no Bairro de Nossa Senhora de Fátima e, à noite, o concerto documental “Recordar Abril” pelo grupo Ad-Libitum.