“Há belezas que a terra não pode deixar secar, porque então será deserta!”
e
“Quando o Homem sonha,
O mundo pula e avança.
Como bola colorida,
Entre as mãos de uma criança”
(António Gedeão)
E foi sonhando na preservação de valores ancestrais dos seus antepassados que germinou e nasceu, em 1992, o Grupo de Cavaquinhos e Cantares à Beira, numa das freguesias mais ribeirinhas do município de Vouzela, de seu nome Queirã, em equidistância regular, entre 12 a 15 km de Vouzela, São Pedro do Sul, Tondela e Viseu, respectivamente. Por tudo isto, e muito mais, um grupo de amigos da freguesia de Queirã decidiu aprender a tocar cavaquinho e, através dele, recuperar as tradições musicais e étnicas, riquíssimas, da sua localidade/região, surgindo assim o Grupo de Cavaquinhos e Cantares à Beira.
Grupo de Cavaquinhos, porque o cavaquinho é o instrumento básico do Grupo; e Cantares à Beira, porque o Grupo não se limita a executar músicas da sua região, pegando noutras para as cantar à sua maneira, da Beira.
O Grupo é constituído por gente jovem e menos jovem, das mais variadas idades e profissões, num total de 19 elementos atuantes, sendo os cavaquinhos a sua base instrumental, acompanhados de bandolins, viola, viola beiroa, baixo, acordeão, pandeireta, ferrinhos e bombo.
As lides agrícolas das laboriosas gentes de Queirã, em solos de imensa fertilidade, proporcionou ao longo dos tempos o constante amanho da terra, onde o dia-a-dia, se transformava em serenas canseiras, sons agrestes dos moitedos, com o sussurrar das enormes torrentes, a caminho dos ribeiros, melodias suaves, com o chilrear do melro e da cotovia… E, foram essas belezas que, de geração em geração, foram chegando até nós, através da música, do canto, dos costumes, das tradições…
Não quis o Grupo de Cavaquinhos e Cantares à Beira (nem quer!…) deixar secar esses encantos, para que não se sinta a terra a ficar deserta… O seu trabalho tem-se desenvolvido, essencialmente, nas Regiões do Dão e Lafões, nas recolhas dos mais diversos temas, tendo ainda outros de índole nacional, bem como alguns inéditos seus, baseados em “fontes” populares.
Diversos palcos e auditórios já foram seu cenário, quer no país, quer no estrangeiro (Luxemburgo, Cabo Verde e Brasil).
Sem querer desvirtuar a pureza das raízes da música tradicional da Região de Lafões, através das suas recolhas, tem já cerca de seis dezenas de temas trabalhados, com arranjos musicais próprios do Grupo, continuando, como tem vindo a ser seu apanágio, a reconstituir o que pode, irremediavelmente, perder-se: a nossa identidade, a nossa cultura popular…
Já foram editados seis trabalhos discográficos: o primeiro, apenas em cassete, em Maio de 1996; o segundo, em CD e cassete com o original nome de “Grupo de Cavaquinhos e Cantares à Beira”, em Abril de 1998; em Novembro de 2000 gravou o seu terceiro trabalho discográfico, em CD e cassete, de seu nome Com(Tradições). Com(Tradições) finaliza mais uma etapa do Grupo de Cavaquinhos e Cantares à Beira, amadurecido pelos oito anos de actividades, apaixonado pelas suas raízes e sempre em busca de algo que o caracterize a si e à região, onde se insere. Com(Tradições) é uma representação musical de costumes, ocupações, pequenos gestos e ritos que viviam escondidos nas memórias e tradições.
Ao comemorar o seu X aniversário, em 2002, levou a cabo um vasto e rico Programa Cultural, com diversas actividades mensais, incluindo imensas recolhas etnográficas e um Colóquio – Debate, sobre a Música Tradicional da Região de Lafões, que originou a gravação do seu 4º Trabalho Discográfico: “Rimas, Altos e Falsetes…”, apresentado em 02 de Novembro de 2002.
Em preparação para novo “desafio fonográfico”, desde 2003, estiveram as vozes do Grupo, no que concerne a temas relacionados com as canções cromáticas / litúrgicas / religiosas / modos exóticos… Com a colaboração dos Grupos de Cantadores das Almas Santas de Alcofra e de Carvalhal de Vermilhas, respectivamente, foi apresentado hoje dia 09 de Abril de 2006, em Livro e Cd, o seu 5º trabalho, com temas muito específicos, intitulado “Os Cantos às Almas do Purgatório”.
Em 2009 Cavaquinhos e Cantares à Beira lança o seu 6º trabalho discográfico “Menina…Tir’o Chinelo” inspirado nas músicas e danças de roda.
Nasce no seio do Grupo de Cavaquinhos em 2010 o Grupo de Veteranos da Freguesia de Queirã e suas Harmónicas, contando neste momento com 9 elementos, que têm vindo a proporcionar diversos espetáculos pelo País fora. No mesmo ano, querendo dinamizar a sua diversidade artística, o Grupo de Cavaquinhos abre um atelier de artes criativas e decorativas, com 10 alunos.
Em Fevereiro de 2014 cumpriu-se o sonho de abrir a Escola de Música de Queirã, contando com 20 alunos. Em abril, editou-se o DVD que complementa o Livro “O Canto às Almas do Purgatório”. Em outubro, o Grupo de Veteranos da Freguesia de Queirã e suas Harmónicas editou o seu primeiro CD intitulado “Baile na Eira”.
Durante o ano de 2017, o Grupo esteve a preparar a edição da Monografia da Freguesia de Queirã, prevendo o seu lançamento para meados de 2018, bem como um DVD com a recriação de algumas tradições da freguesia de Queirã. Este trabalho pretende ser um marco representativo dos 25 anos de trabalho do grupo.