As notícias que têm vindo a público falam no cancelamento e adiamento por parte da Infraestruturas de Portugal (IP) de 18 obras contempladas no Programa Ferrovia 2020.
No distrito de Viseu estará em causa o cancelamento da eletrificação de um troço da linha do Douro entre Marco de Canaveses e Régua, cujo prazo de conclusão seria o final de 2020.
Na Linha da Beira Alta, a IP espera concluir os trabalhos entre Guarda e Vilar Formoso no início de 2023, quatro anos após o prazo previsto.
Segundo a IP, na Linha da Beira Alta, no primeiro trimestre de 2023, vão ficar prontas as obras entre Pampilhosa da Serra e Mangualde. No trimestre seguinte, vão terminar as obras entre Mangualde e Guarda, com mais de três anos de atraso.
Ainda na Beira Alta, a IP espera concluir os trabalhos entre Guarda e Vilar Formoso no início de 2023, quatro anos depois do que era suposto.
Promoção da Coesão Territorial e Combate às Alterações Climáticas em Causa
A Comissão Coordenadora Distrital de Viseu não pode deixar de repudiar estes atrasos e possíveis cancelamentos que põem em causa, entre outros, dois dos temas que mais têm sido alvo de propaganda governamental, o combate às Alterações Climáticas e a Coesão Territorial.
Cada dia sem a devida requalificação destas linhas, são passageiros que se perdem para o transporte individual e habitantes que o interior perde para as grandes áreas metropolitanas.
De pouco nos serve haver um ministério da Coesão Territorial, uma Secretaria de Estado da Valorização do Interior (do Ministério da Economia) ou um Secretaria de Estado do Desenvolvimento Regional (do Ministério do Planeamento) se no terreno o investimento fica por fazer. São muitos anos de atraso nas ligações necessárias, sejam rodoviárias ou ferroviárias, que limitam a mobilidade das populações do interior do país, perpetuando o ciclo vicioso do despovoamento.
Ministro das Infraestruturas e Habitação Chamado ao Parlamento
O Bloco de Esquerda apresentou na passada segunda-feira um requerimento para chamar o ministro das Infraestruturas e Habitação, Pedro Nuno Santos, a dar explicações aos deputados da Comissão Parlamentar de Economia, Inovação, Obras Públicas e Habitação, sobre os cancelamentos e adiamentos.
No requerimento entregue esta terça-feira, a deputada bloquista Isabel Pires afirma que “é fundamental obter esclarecimentos sobre a concretização daquele que é considerado, pelo próprio governo, como um dos programas mais ambiciosos e importantes para a descarbonização dos próximos anos”.
Para Isabel Pires, as tentativas de esclarecimento por parte do governo e por parte das Infraestruturas de Portugal até agora “não oferecem garantia relativamente às obras prioritárias do Ferrovia 2020”, pelo que é necessário ter o ministro presente na comissão para esclarecer os deputados.
Plano Ferroviário Nacional é Urgente
Já apresentado na legislatura anterior e chumbado com os votos contra do PS, PSD e CDS e a abstenção do PCP e do PEV, o Bloco de Esquerda pretende que seja criado um Plano Ferroviário Nacional que ligue todas as capitais de distrito e ajude no esforço de descarbonização da economia, propondo para o distrito de Viseu:
– Criação da ligação internacional Aveiro-Viseu-Mangualde seguindo pela necessariamente requalificada linha da Beira Alta.
– Aproveitar o confluir da linha da Beira Alta com a nova ligação Aveiro-Viseu-Mangualde para criar toda uma nova zona logística para promover o desenvolvimento industrial, assente no transporte ferroviário;
– Reabilitação e eletrificação de toda a linha do Douro, até Barca D’alva e ligação a Espanha;
– Reabilitação de toda a Linha da Beira Alta.
Desejamos que nesta legislatura os partidos que chumbaram este diploma, possam dar o seu contributo para um país que liga todas as suas capitais de distrito à rede ferroviária aumentando a capacidade das populações do interior se deslocarem de comboio, bem como da sua indústria e comércio utilizarem este meio de transporte.
Pel’A Comissão Coordenadora Distrital de Viseu do Bloco de Esquerda