O líder do Chega, André Ventura, exigiu, dia 7, um pedido de desculpa ao secretário-geral do PS por este ter dito que o PSD celebrou um acordo com “um partido de extrema-direita xenófoba” para viabilizar um Governo nos Açores.
“O Chega é um partido democrático, foi eleito para o parlamento e para o parlamento dos Açores, todas as sondagens o colocam como terceira ou quarta força política nacional, é um partido legalizado pelo Tribunal Constitucional. É lamentável que um primeiro-ministro se refira a ele como xenófobo e de extrema-direita”, afirmou à agência Lusa, em Viseu, onde participou num jantar-comício da sua candidatura às eleições presidenciais.
Na sua opinião, “o PS, quando começa a perder o poder, revela o caráter que tem” e as declarações feitas hoje por António Costa no final da Comissão Nacional do PS foram “mais um exemplo”.
O presidente do Chega considerou que o PS esperava “que a direita nunca se conseguisse entender”, mas já percebeu que não é assim com o que se passou nos Açores.
“Eu percebo a indignação de António Costa, percebo o medo que ele tem dos próximos meses, talvez dos próximos anos, mas este é um caminho que já não tem retorno: a direita vai chegar ao poder pela mão do Chega também em Portugal (continental) e o compadrio socialista vai acabar”, frisou.
Para André Ventura, as declarações de António Costa traçam “uma linha vermelha entre aquilo que é o convívio entre partidos”, sendo o pedido de desculpa importante para garantir que não se resvala “para um nível de agressividade sem limite”, que “não seria bom para a democracia”, sobretudo a poucos meses das eleições presidenciais.
O líder do Chega lamentou também a forma como António Costa se referiu à sua candidatura, “pedindo ao PS uma vitória indubitável sobre a candidatura da extrema-direita xenófoba”.
“Tivemos uma sondagem há uma semana ou duas em que eu estava em segundo lugar com 11%. Dizer isto é dizer que 11% dos portugueses são xenófobos e de extrema direita”, considerou.
André Ventura disse ver com “muita curiosidade” que uma pessoa “que não aceitou perder as eleições em 2015, e se juntou a dois partidos que rejeitam a União Europeia e a maior parte dos valores civilizacionais que o PS de Mário Soares defendeu, agora se preocupe com um acordo nos Açores, precisamente para retirar o PS do poder que tem há mais de 20 anos”.
“O Chega e o PSD deram um passo importante para retirar o PS do Governo dos Açores”, afirmou, ironizando que é possível que o desemprego aumente, “sobretudo o desemprego socialista”, porque “os tachos vão acabar, os amigos a fazer negócios com o Governo regional vão acabar”.
“Eu percebo que o PS esteja incomodado com isto, mas tem que se habituar que vêm aí novos tempos”, sublinhou.
António Costa considerou que o PSD “ultrapassou a linha vermelha” ao ter um acordo com o Chega para a viabilização de um Governo nos Açores e defendeu que Rui Rio deve explicações ao país.
“A Comissão Nacional do PS salienta o facto da maior gravidade que constitui o PSD ter ultrapassado a linha vermelha de toda a direita europeia democrática ao celebrar um acordo com um partido de extrema-direita xenófoba. O PSD afastou-se assim dos bons exemplos da chanceler Angela Merkel na Alemanha, que recusou liminarmente qualquer acordo com a extrema-direita na formação de governos regionais, ou mais recentemente do Partido Popular (PP) de Espanha, com Pablo Casado, rejeitou juntar-se à extrema-direita na votação de uma moção de censura”, afirmou António Costa.
Para o secretário-geral do PS, “independentemente daquilo que diga o acordo que é mantido secreto, o simples facto de ter havido um acordo entre um partido de direita democrática e extrema-direita xenófoba é em si próprio da maior gravidade”.