Hortas da Quinta da Cruz em Viseu acolhem espetáculo da Cem Palcos com sopa à mistura

A “Grande Colheita” é um espetáculo de teatro, música, dança e canto, que decorre nas hortas comunitárias da Quinta da Cruz – Centro de Arte Contemporânea de Viseu, com cinco profissionais e 20 jovens que, pelo meio, servirão sopas.

A “Grande Colheita” é o espetáculo agendado para o dia 09 de dezembro, de entrada gratuita, mas sujeito a marcação prévia, e que encerra um projeto de três anos, “Horta de Deméter”, da coletividade Cem Palcos, sob a direção artística de Graeme Pulleyn.

Ao longo dos três anos, desde 2021, a equipa, que conta com cinco artistas profissionais, trabalhou com um total de 40 jovens, “apesar de nos espetáculos marcarem presença 20, porque uns foram entrando e saindo por diversas razões”.

A “Grande Colheita”, desvendou o encenador Graeme Pulleyn, “cruza as artes da terra, as artes do espetáculo e a gastronomia, já que há umas sopas feitas com os produtos que foram cultivados nas hortas” comunitárias.

O espaço usado, continuou, “foram dois talhões das hortas comunitárias da Quinta da Cruz, mas não eram hortas convencionais, havia uma cama, um sofá, uma mesa pintada pelos jovens onde estavam cultivados os morangos, por exemplo”.

“Todo o trabalho de criação teatral e musical é feito no contexto da horta, no espaço físico da Quinta da Cruz e tem a ver com o que plantámos ao longo dos três anos, com três sessões semanais e com diferentes grupos”, especificou Graeme Pulleyn.

Estes produtos hortícolas “iam sendo consumidos durante as sessões, como os morangos, outros foram ”usados noutros espetáculos já realizados e outros ainda congelados para confecionar sopas diferentes” que serão agora servidas.

O espetáculo, com cerca de duas horas, terá início nas hortas, percorre o caminho à beira do rio e termina junto dos edifícios principais da Quinta da Cruz e, ao longo do percurso, haverá três momentos – serão diferentes cenas divididas em três blocos”.

“Ao longo do percurso estará a nossa Deméter, a deusa da Agricultura, uma marioneta gigante, que representa o poder feminino, o poder da mãe-terra e toda a força que a terra nos traz para alimentar e acolher”, descreveu Graeme Pulleyn.

As cenas dividem-se em três blocos, e “o primeiro tem a ver com a cura, porque ao longo das sessões foram trabalhados os problemas e desafios dos jovens e foram trabalhadas formas de saber acolher esses obstáculos”.

“O segundo bloco tem a ver com o que nos alimenta, o que nos faz bem, tanto na alimentação no sentido literal como no sentido metafórico, e o que nos dá vontade de viver e traz alegria”, descreveu.

O terceiro bloco, acrescentou, “tem a ver com o lado obscuro da vida, o lado ‘b’, mas ‘b’ de bom; é o inverno, da vida, mas é um inverno que antecede a primavera e o renascer”. “No fundo, o espetáculo é como se passasse pelas quatro estações do ano”.

Depois de as atravessar, “há um segundo encontro com a marioneta da Deméter, de onde nasce a sua filha Perséfone, deusa das flores e de tudo o que promete, do futuro e da juventude”.

“No sentido de dizer que vivemos momentos muito complicados, a todos os níveis, é preciso olhar para a frente e ajudarmos os jovens a encontrarem a sua voz, a sua visão e a exprimirem as suas visões, vontades e os seus sonhos para encontrarmos o caminho”, adiantou o encenador.

Graeme Pulleyn acrescentou ainda que, “além de ser um espetáculo de teatro e de música, é uma experiência gastronómica, porque haverá sopa quentinha durante um espetáculo que será ao ar livre num dos meses mais frios do ano”.

“Estamos a preparar uma alternativa, caso esteja muito mau tempo. Mas onde é que está escrito que não se pode ver teatro de galochas e guarda-chuva? Em lado nenhum. Também aqui podemos quebrar convenções e preconceitos, por isso, venham bem agasalhados”, pediu.

Entre os três atos, serão servidas “três sopas para aquecer o corpo e a alma, que são criações de Rosário Pinheiro, em diálogo com os participantes e com os produtos cultivados na horta”,

“No primeiro ato, na primavera, é uma sopa de entrada, no segundo, no verão, é uma sopa que é prato principal de uma refeição e a última sopa, desenvolvida pelos rapazes do Lar de Santo António, é uma ‘anti-sopa’, porque rapaz que é rapaz não come sopa, a sopa é para os putos”, descreveu.

A “Grande Colheita” é, segundo o encenador, “também um momento de convívio, que é muito importante para que os artistas, sejam profissionais ou não, tenham um momento para conversarem e estarem com o público”.

O projeto “envolveu jovens de escolas, jovens com diagnósticos diversos como autismo, trissomia 21 e outros, e ainda jovens institucionalizados juntamente com outros jovens de escolas do concelho”, além da Escola Superior Agrária de Viseu.

O espetáculo “Grande Colheita”, que encerra o projeto financiado pela Fundação Calouste Gulbenkian, será apresentado novamente em 28 de janeiro, nos jardins da fundação, em Lisboa, num encontro com outros projetos do programa “Partis & Arte for Change”.

O projeto agora terminado foi ainda financiado pela Fundação La Caixa, República Portuguesa – Cultura, Direção Geral das Artes (DGArtes) e pelo Eixo Cultura da Câmara Municipal de Viseu.

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