O Gabinete de Apoio à Vítima da APAV que está a funcionar há nove meses em Mangualde já acompanhou 114 casos, prestando apoio psicológico, social e jurídico, disse hoje à agência Lusa o presidente da autarquia, Marco Almeida.
Inaugurado no dia 22 de fevereiro, este gabinete foi criado na sequência de um protocolo de cooperação celebrado entre a Câmara de Mangualde, no distrito de Viseu, e a Associação Portuguesa de Apoio à Vítima (APAV).
“Estes números não são apenas do concelho de Mangualde, mas também de outros concelhos do distrito de Viseu e da Guarda, que encontram em Mangualde este tipo de resposta”, afirmou o autarca.
Segundo Marco Almeida, o número de vítimas será muito superior, uma vez que “muitas vezes recorrem a um pedido de ajuda só depois de uma situação já muito extrema”.
“Há casos que não são denunciados, por vários motivos: as pessoas têm medo, vergonha, ou não sabem como é que hão de procurar ajuda”, lamentou.
O gabinete de Mangualde tem como missão proteger, prestar atendimento e acompanhamento personalizados às pessoas vítimas de crime, em particular de violência doméstica, assim como aos seus familiares e amigos.
“O país tem feito um esforço no que diz respeito à formação, à educação, mas a verdade é que ainda continuamos a ter estes casos que nos envergonham”, acrescentou.
Marco Almeida referiu que, de acordo com números da GNR, a violência doméstica tem sido um dos tipos de crime com maior relevância no concelho de Mangualde, com cerca de meia centena de registos anuais, pelo que era importante ter um gabinete que desse apoio às vítimas.
“Este ano abrimos o gabinete e também uma residência para mulheres idosas vítimas de violência doméstica”, lembrou o autarca socialista, salientando também a importância do trabalho de sensibilização e acompanhamento que é feito pela GNR e pelos serviços municipais de ação social.
Na segunda-feira, o município vai assinalar o Dia Internacional para a Eliminação da Violência Contra as Mulheres com uma conferência, uma exposição e a distribuição de materiais informativos junto de algumas empresas do concelho que têm mão-de-obra maioritariamente feminina.
“Estou certo de que o grande problema não é falta de acompanhamento. As entidades têm feito um esforço grande no sentido de podermos evitar que esse tipo de crimes aconteça”, afirmou Marco Almeida, defendendo a aposta na formação e na educação das pessoas.