A Feira de São Mateus, Viseu, inaugura no domingo uma exposição de banda desenhada com uma história original de José Pires sobre o hino português, no dia em que o certame é dedicado a Viriato, disse hoje fonte da organização.
“É uma verdadeira obra de banda desenhada (BD). A exposição é dividida em duas partes, sendo uma, basicamente, um álbum de BD dividida em pranchas de grande dimensão”, explicou o presidente do Grupo de Intervenção e Criatividade Artística de Viseu (GICAV).
Luís Filipe Mendes explicou que a outra parte da exposição é o resultado de um “convite feito a um conjunto de artistas locais e de âmbito nacional, para que cada um deles fizesse o seu desenho intitulado: ‘A Portuguesa’”.
“Há trabalhos muito curiosos e tudo isto vai estar até ao último dia da Feira de São Mateus, o que penso ser mais um momento grande, porque em Portugal não há meia dúzia de locais onde se façam exposições de BD e Viseu tem estado dentro desse circuito”.
Esta ideia nasceu em parceria com a autarquia viseense, explicou o responsável, depois de, no ano passado, numa visita a Viseu, “o senhor José Pires, um artista de banda desenhada, ter dito que tinha uma obra completa sobre o hino nacional no enquadramento do seu aparecimento”.
“Temos vindo a organizar na Feira de São Mateus exposições de banda desenhada, nomeadamente sobre estes mitos de Viriato, Infante Dom Henrique e outros e, este ano, vamos ter uma exposição sobre ‘A Portuguesa’, o hino nacional”, contou Luís Filipe Mendes que lamentou o facto de “as editoras nacionais estarem pouco interessadas neste original”.
Esta exposição integra o plano de atividades programadas para 25 de agosto, dia em que a Feira de São Mateus, em Viseu, dedica a Viriato, com várias iniciativas, algumas reedições de tradições do certame que comemora, este ano, 627 anos.
“Viseu é vinculada ao imaginário de resistência de Viriato, do guerreiro pastor. Desde o século XVII que se forjou na propaganda e na ideologia nacional esta ligação de Viseu a Viriato e também da ligação da Cava de Viriato a Viseu”, contou o diretor da Viseu Marca, entidade que organiza a Feira de São Mateus.
Jorge Sobrado, também vereador da Cultura na Câmara Municipal de Viseu, explicou também que “hoje se sabe que não há nenhuma relação histórica, factual, entre a Cava, o monumento a Viriato, mas a verdade é que essa propaganda que foi fomentada pela literatura, poesia e cultura popular acabou por criar laços muito profundos na cidade”, tornando-se “indubitavelmente o maior herói e uma grande referência mitológica e afetiva da identidade” dos viseenses.
O Dia de Viriato é celebrado no certame viseense há 90 anos, e foi “resgatado em 2014, depois de se ter perdido a tradição de o comemorar”, assim como “as gincanas automóveis que tiveram a sua primeira edição no mesmo ano, mas que pararam em 1987” e regressam no domingo, à Avenida da Europa.
A Feira de São Mateus, que vai no seu 11.º dia e que termina a 15 de setembro, já contabilizou, até ao momento, “o limiar das 400 mil entradas”, o que quer dizer que “está no caminho positivo para chegar ao número de um milhão, como no ano passado.