Estudo revela que o espaço cozinha voltou a conquistar os portugueses

Portugal regressa à mesa

De Norte a Sul do país, das Ilhas ao Continente, a nossa cultura está intrinsecamente ligada à culinária e a nossa identidade também se tem construído à volta da mesa.

Sabemos da importância que a comida tem nas mais diversas geografias do país, expressando – inequivocamente – a diversidade cultural deste pequeno grande retângulo à beira-mar plantado.

Portugal e a comida são parte de uma relação milenar cujos votos foram recentemente renovados com a pandemia da COVID-19, onde ficar em casa – face às restrições e limitações impostas pelas autoridades – foi imperativo.

É que já que tivemos que ficar em casa, nada como caprichar na comida – certo? As balanças ainda hoje se queixam, mas durante este período conturbado recuperámos o gosto pela cozinha. E de que maneira! Quem o diz são os dados de um estudo da mastercard
divulgado em Março deste ano. As conclusões são absolutamente claras.

O estudo revela que 68% dos portugueses declarou ter passado mais uma hora e três minutos por dia na cozinha quando comparado com o período anterior à pandemia – na qual passavam cerca de 2,7 horas por dia. O estudo indica também que 64% dos participantes no estudo afirma ter melhorado a sua técnica culinária durante este período. E que pratos foram mais confecionados pelos portugueses?

Top 5 de pratos mais cozinhados
1. Bacalhau à Brás (43%)
2. Bifanas (37%)
3. Arroz de Pato (34,8%)
4. Caldo Verde (34%)
5. Cozido à Portuguesa (29%).
A cozinha na dinâmica familiar
No estudo da Mastercard, 55% dos portugueses afirmou que as refeições em casa fizeram com que se estabelecesse uma ligação maior entre as famílias. 68% dos nossos compatriotas acha mesmo que o hábito das refeições em família voltou para ficar.
Curiosamente, esta tendência já se vinha adivinhando no mundo dos fabricantes de cozinhas modernas. Empresas como a Leiken já trabalhavam em cima das dinâmicas familiares na conceção de cozinhas modernas. Esse movimento continuará, agora cada
vez mais consolidado.

Comida e mudanças no consumo
A pandemia transformou as nossas vidas e o novo normal consolidou essa mudança. Por exemplo, ir ao restaurante comprar comida em regime de take away passou a ser vulgar, tal como encomendar comida através de plataformas de serviços de entrega como a Uber ou a Glovo. Basta olhar para as ruas das nossas maiores cidades para captar essa realidade.
Mais dados para o prato (fonte: estudo Mastercard)
– 42% dos portugueses assumiu ter sido influenciado por conteúdos sobre gastronomia nos canais de TV, streaming e social media;
– 43% dos portugueses afirma ter vontade de aprender novas técnicas na cozinha, bem como passar mais tempo de qualidade com a sua família;
– 51% dos portugueses sentem-se motivados para seguir um estilo de vida mais saudável;
– 62% dos portugueses mostram-se confiantes para criar receitas de autor e explorar novos pratos de forma mais regular;
Consumo online: a grande mudança
De acordo com o estudo da Mastercard, 27% dos portugueses refere que a situação da pandemia, motivou, pela primeira vez, a encomenda de produtos online. 35% dos portugueses afirma que continuará a comprar na internet quando a situação estiver normalizada. Por seu turno, uma ampla maioria (75%) refere que vai continuar a comprar produtos de mercearia em espaços físicos. No que diz respeito às despesas, 30% refere não ter reduzido ou aumentado as suas despesas, enquanto 25% indica ter desembolsado mais dinheiro em compras na internet.
Curiosamente, o crescimento nas vendas de outros bens de consumo relacionados com cozinha mostra o redobrado interesse no assunto. Os utensílios de cozinha mais comprados foram copos (25%) tachos e panelas (44%). Segundo o estudo, também se gastou mais dinheiro com equipamentos de cozinha, louças, livros de receita e velas.

Aliás, a propósito de velas, é também é bom sinal ver que não perdemos o bom e velho romantismo português.
Sendo certo que a relação dos portugueses com a comida nunca foi propriamente comprometida, a verdade é que agora é claro que essa ligação foi reanimada de forma intensa. O peso da pandemia da COVID-19 teve impacto social, económico, sanitário, mas também cultural. No nosso país, isso traduziu-se num recuperar da importância da comida, da cozinha e do seu impacto na vida dos portugueses e das famílias portuguesas.

Ficar em casa foi também olhar para dentro e, ainda que por força das limitações vigentes, poder ter uma nova perspetiva. Neste caso, através de um reencontro com os sabores únicos da gastronomia portuguesa.

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