Estacionamento pago no Centro Histórico agita moradores e comerciantes

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O Salão Nobre da Associação Comercial do Distrito de Viseu encheu-se, ontem, de cidadãos interessados na sessão de esclarecimento sobre as alterações ao estacionamento no Centro Histórico da cidade, que entrará em fase experimental a partir do dia 3 de abril. Almeida Henriques tomou a palavra perante uma assistência em que se encontravam alguns dos mais aguerridos contestatários da cobrança de estacionamento. O presidente da Câmara começou por dizer que gosta de discutir “olhos nos olhos”, pelo que, quando soube da polémica instalada em torno do assunto, resolveu debater o tema, até porque só assim poderia pôr cobro a algumas mentiras entretanto postas a circular, por ignorância ou por “má-fé”, segundo afirmou.
Refira-se que o assunto suscitou uma petição pela “criação de um movimento para defender os comerciantes e moradores do centro histórico, fazendo com que a situação de cobrança de estacionamento na sua envolvente seja retirada, permitindo assim aos moradores, usufruírem da zona onde habitam, conseguindo atrair mais lojas e empresas a fixarem-se no centro da cidade.”
Recusando a emotividade dos argumentos, o autarca foi direito à objectividade dos números: passam a estar sinalizados mais 133 lugares e haverá um total de 282 lugares organizados em todo o perímetro do Centro Histórico, 35 dos quais gratuitos 24 horas por dia, exclusivamente para os residentes portadores de dístico. Estes dispõem, ainda, de 205 lugares que, apesar de tarifados, podem ser usados gratuitamente entre as 19 e as 10 horas e as 12 e as 14 horas. Tendo em conta as sugestões apresentadas pelos cidadãos participantes na sessão, a Autarquia decidiu alargar a gratuitidade aos fins-de-semana. Assim, entre as 12 horas de sábado e as 10 horas de segunda-feira, os portadores de dístico têm estacionamento grátis. Quinze lugares serão para cargas e descargas e cada instituição terá direito a apenas um lugar.
“Queremos dar prioridade aos moradores”, disse Almeida Henriques. Os comerciantes, defende o edil, não serão prejudicados, pois “para terem clientes, precisam de acessibilidade”, ou seja, “se as pessoas deixam os carros estacionados o dia todo, sem custos, os clientes ficam sem acesso ao comércio no Centro Histórico e desistem de lá ir”.
No período de debate, que se prolongou até perto da meia-noite, moradores e comerciantes colocaram perguntas, apresentaram sugestões e fizeram algumas críticas, temendo, sobretudo, que o estacionamento pago afaste os turistas das unidades hoteleiras do Centro Histórico.
Almeida Henriques não deixou ninguém sem resposta. Adiantou que, depois dos novos parques estarem em funcionamento, será revista a organização do estacionamento. “Se for preciso fazer afinações, fazem-se”.

SM