Entrevista a José Neto, criador do grupo Encantos de Viseu que seguiu a coerência emocional do seu título: encantou-se por Viseu. Natural de Bragança e professor de ofício, dinamizou a divulgação da cidade num matrimónio entre o passado e o presente, ligados pelo véu temporal e pela aliança da razão.
José Neto, professor do segundo ciclo, é um brigantino enamorado de Viseu.
1 – José é autor do grupo Encantos de Viseu. Alguma vez esperou a dimensão que atingiu?
De maneira nenhuma, tudo foi acontecendo de maneira natural.
2 – Qual era a sua intenção?
Partindo muito antes da criação do grupo, sempre senti fascínio pela história, pelas tradições, pela cultura e pela fotografia. Pontualmente fazia a partilha de algumas coisas que ia encontrando, em outros grupos, as quais tinham um grande “feedback”. A recolha foi aumentando e a ideia de criar um espaço próprio onde pudesse partilhar com as pessoas o que ia descobrindo, foi ganhando cada vez mais significado.
3 – Partilho exactamente os mesmos valores, entendo que só a preservação da nossa identidade assegura a existência do que é Portugal e, neste caso, Viseu. Acha que Viseu tem sempre algo de novo para nos mostrar?
Completamente. Repare, normalmente o meu trabalho de pesquisa assenta em fontes fidedignas. Quando estou a trabalhar um determinado tema procuro analisar várias fontes e, se muitas vezes é complicado confirmar, há por diversas vezes surpresas. Temas que levam a outros assuntos e estes a outros. É um autentico manancial. A história de Viseu é riquíssima. Há sempre coisas novas para descobrir, pormenores, recantos, histórias e a oralidade das pessoas, que não pode ficar de maneira nenhuma esquecida. Fico fascinado com as histórias que os membros do grupo têm para contar.
4 – Quer isso dizer que os viseenses se envolvem apaixonadamente no nosso mundo identitário?
Sem dúvida. Há publicações que se complementam e se conjugam, elevam a envolvência a outro patamar. Diria mesmo que o sucesso do grupo se deve a essa conjugação de todos em prol de um ideal comum que é Viseu.
5 – Qual foi a maior surpresa com a qual se deparou no grupo? Alguma curiosidade, história ou testemunho.
Há muitas histórias, as mais especiais é quando uma publicação junta pessoas que viviam juntas, ou que conheciam os familiares. Há viseenses espalhados por todo o mundo, muitos deles estão fora já há muitos anos. Esta é a outra vertente do grupo, o reencontro com as raízes.
6 – O grupo Encantos de Viseu irá manter o seu conceito ou pode surgir uma plataforma complementar?
Como se costuma dizer o futuro a Deus pertence. Por enquanto o conceito original é para manter. Contudo seria interessante haver uma recompilação das publicações para uma maior abrangência e divulgação.
7 – Acha que existe um esforço significativo na divulgação da cidade por parte dos nossos responsáveis?
Há algo que digo aos meus alunos, nada se obtém sem esforço, cabe a cada um de nós valorizar, respeitar e cuidar,para que as memórias não caiam no esquecimento.
8 – Sendo natural de Bragança, o que moveu o José a dedicar tamanho amor e tempo à cidade de Viriato?
É engraçado que sendo a minha esposa natural de Vildemoinhos deparei-me com um povo cheio de tradição e com raízes bem vincadas na cultura popular.
9 – Penso que serei porta-voz de todos os viseenses ao agradecer o seu notável contributo para a divulgação da nossa cidade. Defina Viseu e os viseenses numa palavra.
Uma cidade cujo valor tem correspondência com as gentes.
Francisco Paixão