E tu poema meu,
Conjunto de palavras,
pela mente traduzida,
Em tom de alegria ou dor,
Amargura, felicidade ou amor,
Exprimes, na tua essência,
Um grito da alma,
De sofrimento ou pavor,
De alegria ou louvor.
Solto, bem solto,
Pela briza levado.
Nas ondas talhadas,
Dum imaginário acrescido,
Rasgado de emoções,
a gosto animadas,
O poema, fruto perfeito
Dum estado de alma
Se soltou, a seu jeito.
Num ondulado imaginário,
Vento fora, no éter se escondeu,
Fugindo ao pensamento
E a profunda visão.
Suas palavras, pelo vento levadas,
Tais pétalas abandonadas,
Que o tempo, na sua imperfeição,
Talhou com frescura e precisão
E, quem sabe, certa elevação.
Deixaram de ser escravas,
Do meu mundo sentimental,
Que tudo pretende abraçar
E, muitas vezes memorizar
Por causa do seu encanto,
Do seu perfume, odor ideal
Que lhes deu encanto e beleza
Projecção, mestria,
Frescura e certa grandeza.
Lá longe, bem longe,
Confrontadas com outras mentes
Penetram nos seus conscientes,
Para de novo serem moldados,
Torneados e acarinhados
Para deles se extrair,
A carga espiritual neles contida,
A beleza e seus perfumes
No nascimento derramados.
Como é bom viver
Saber viver em estado de graça
Partilhar e acalentar sonhos,
Pensamentos loucos, de um ser,
Envoltos de delírios muitos,
De grandeza e doçura
Que levam a um estado de sedução
E profunda reflexão.
Alma minha que partiste,
Sem teres sofrido,
Que soubeste envolver minha mente,
Num mar profundo e salgado,
De ondas encapeladas
Para levares meu pensamento,
minha mente a se agitar,
Entre bandas exóticas,
Que criou para se recriar…
António Pais da Rosa
Foto : Bemblogado