O corpo ativo dos Bombeiros Voluntários de Arouca está reduzido a metade, depois de confirmados nove casos de covid-19 entre os seus operacionais e 30 estarem em quarentena, revelou hoje essa corporação do distrito de Aveiro.
Segundo informa o comandante José Gonçalves, todos os contagiados com o vírus SARS-CoV-2 “estão bem e sem sintomas”, tendo ficado em isolamento no Centro de Formação do Gamarão, na freguesia de Canelas, uma vez que esse imóvel, do qual a corporação é proprietária, dispõe de “ótimas condições para acomodar os nove doentes em segurança”, evitando riscos para as respetivas famílias durante a sua convalescença.
Todos os cerca de 80 operacionais foram sujeitos a testes de diagnóstico, sendo que, de acordo com as datas em que os 30 bombeiros em isolamento domiciliário contactaram com os infetados, alguns dos que estão em quarentena “já começam a regressar ao trabalho a partir da próxima quarta-feira e os outros podem voltar no dia 09 de setembro”.
A assegurar o serviço no quartel – que é o único no território de Arouca, cuja área é de quase 330 quilómetros quadrados, 80% dos quais de espaço florestal – estão agora 38 bombeiros, em horários rotativos.
“Continuamos a fazer tudo o que nos compete e só interrompemos o transporte de doentes para consultas de diálise e fisioterapia, porque são utentes de risco”, diz José Gonçalves à Lusa, indicando que esse serviço é agora assegurado pela corporação vizinha de Castelo de Paiva, também no distrito de Aveiro.
Quanto à eventualidade de incêndios rurais ou outras ocorrências de grandes dimensões, o comandante mostra-se tranquilo: “Se houver alguma situação dessas, contaremos com os nossos colegas bombeiros de outras corporações, como sempre aconteceu até aqui”.
Entre os corpos ativos mais próximos, já de sobreaviso, incluem-se não só os de Castelo de Paiva, mas também os de Fajões e Vale de Cambra, ainda no distrito de Aveiro, e igualmente os da Nespereira, já em Cinfães, no distrito de Viseu.
Para a presidente da Câmara Municipal de Arouca, Margarida Belém, o recente aumento de casos de covid-19 no concelho demonstra que não é altura de se descurar a adotação de comportamentos responsáveis. Após o pico da pandemia, o território foi registando cada vez menos diagnósticos positivos e chegou a ter apenas dois casos ativos de SARS-CoV-2 entre os seus cerca de 22.500 habitantes, mas esta sexta-feira contabilizava 43 doentes em tratamento, somando assim um acumulado de 105 infetados desde março.
“Nestes últimos dias tem-se verificado um aumento do número de pessoas infetadas no concelho, situação que está a ser acompanhada de forma próxima e atenta pelo Município, em estreita articulação com os serviços de saúde e demais agentes da proteção civil. Na origem destes focos recentes de infeção poderão estar situações de convívio familiar, nomeadamente em contexto de festas e outras celebrações, com eventual relaxamento no cumprimento dos comportamentos de contenção”, declara a autarca socialista.
Neste contexto, a autarquia impôs esta sexta-feira um novo horário de funcionamento aos estabelecimentos locais de restauração e similares, que, até 11 de setembro, só podem ter portas abertas até às 23:00, devendo os últimos clientes abandonar o recinto até às 23:59.
A medida é “transitória e excecional”, mas necessária porque a câmara considera “imperioso adotar medidas para a prevenção, contenção e mitigação da transmissão da doença na área geográfica do concelho”.
O novo coronavírus responsável pela presente pandemia de covid-19 foi detetado na China em dezembro de 2019 e já infetou cerca de 24,8 milhões de pessoas em todo o mundo, das quais pelo menos 838 mil morreram.
Em Portugal, onde os primeiros casos confirmados se registaram em 02 de março, o último balanço da Direção-Geral da Saúde (DGS) indicava 1.815 óbitos entre 57.074 infeções confirmadas.