Contra a precariedade, Câmara Municipal de Viseu deve integrar Equipa de Sapadores Florestais própria

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Na última sessão da Assembleia Municipal de Viseu, foi aprovada, com uma única abstenção, uma “Moção de Apoio à luta dos trabalhadores – Sapadores Florestais”, apresentada pela deputada eleita pelo Bloco de Esquerda, Catarina Vieira. Porém, em Viseu, é preciso ir mais longe e combater a precariedade do setor com ações concretas.

 

Neste momento a Câmara Municipal de Viseu financia a exclusividade de uma equipa de Sapadores Florestais que integra a Associação Cedrus. Acontece que, ao fazê-lo, está a financiar a precariedade destes trabalhadores, sujeitos a várias ilegalidades laborais.

 

Também a brigada de sapadores florestais da CIM Viseu Dão Lafões é direcionada de forma abusiva à realização de tarefas fora da sua competência profissional. Por exemplo, no concelho de Viseu, já fizeram a limpeza da ecopista.

 

O Programa de Sapadores Florestais (PSF) surgiu em 1999, enquanto instrumento da política florestal, com vista a contribuir para a diminuição do risco de incêndio e a valorização do património florestal. Este foi concretizado com a publicação do Decreto-Lei n.º 179/99, de 21 de maio, que estabeleceu, para o território do continente, as regras e os procedimentos a observar na criação e reconhecimento de equipas de Sapadores Florestais e regulamentou os apoios à sua atividade.

 

Tendo como objetivo a proteção da floresta contra incêndios, este programa pretendia garantir, conforme se pode ler no preâmbulo do Decreto-Lei acima mencionado, a existência de estruturas dotadas de capacidade e conhecimentos específicos adequados, que ao longo do ano desenvolvam, com carácter permanente e de forma sistemática e eficiente, ações de silvicultura preventiva e simultaneamente funções de vigilância e de apoio ao combate de incêndios florestais.

 

Sapador Florestal é um trabalhador especializado com perfil e formação específica adequados ao exercício de atividades de silvicultura e defesa da floresta, designadamente:

  1. Silvicultura preventiva, na vertente da gestão de combustível florestal, com recurso a técnicas manuais, moto manuais, mecânicas ou fogo controlado, entre outras;

  2. Manutenção e proteção de povoamentos florestais, no âmbito da gestão florestal e do controlo de agentes bióticos nocivos;

  3. Silvicultura de carácter geral;

  4. Instalação, manutenção e beneficiação de infraestruturas de defesa da floresta e de apoio à gestão rural;

  5. Sensibilização das populações para as normas de conduta em matéria de proteção florestal e ambiental, nomeadamente no âmbito do uso do fogo, da gestão florestal das florestas e da fitossanidade;

  6. Vigilância, primeira intervenção e apoio ao combate a incêndios rurais, apoio a operações de rescaldo e vigilância ativa pós-rescaldo, no âmbito da Proteção civil;

  7. Ações de estabilização de emergência que minimizem os danos resultantes de processo de erosão, desobstrução de rede viária e linhas de água que reduzem o impacto da perda de solo, promovendo a recuperação do potencial produtivo.

 

Assim, estes representam uma força inigualável em matéria de defesa da floresta contra incêndios, desenvolvendo um valioso trabalho durante o período crítico ao nível da vigilância, como em ações de combate, apoio ao combate, rescaldo e consolidação pós-incêndio.

 

Atualmente um trabalhador com a função de sapador florestal aufere o salário mínimo nacional, o salário mais baixo de toda a organização de proteção civil. É de elementar justiça a sua luta travada em prol de uma Carreira e de um Estatuto profissional que lhes garanta um salário ajustado com as funções que desempenham em prol de todos nós.

 

A valorização destes trabalhadores e trabalhadoras depende de nós e todos temos um papel importante na sua defesa e na criação de melhores condições laborais que com isso traga novas equipas, que potenciem a fixação da população no nosso concelho e aumentem o poder de compra, movendo toda a economia local.

 

A luta desencadeada por estes trabalhadores e trabalhadoras é fundamental e o nosso apoio crucial para a valorização de todos os sapadores florestais, sobretudo daqueles que atuam no nosso concelho.

 

Assim, o Bloco entende que a autarquia viseense deve:

  1. Cessar o financiamento de ilegalidades e da precariedade a que é sujeita a equipa da Cedrus;

  2. Constituir uma equipa de Sapadores Florestais afeta à própria Câmara Municipal, garantindo e zelando pela sua dignidade laboral;

  3. Acabar com a utilização de sapadores florestais a exercer atividade de cantoneiros em aglomerados rurais e urbanos.