Coimbra defende aeroporto da região Centro a sul da cidade

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A Base Aérea de Monte Real (BA5), no concelho de Leiria, “muito dificilmente será disponibilizada à aviação civil”, afirmou o presidente da Câmara de Coimbra, Manuel Machado, que defende a implantação do aeroporto da região Centro a sul desta cidade.

Manuel Machado garante que “não há nenhum documento, desde 1961”, ano em que teve início este processo, entre todos os que conhece, que considere que “a abertura [da BA5] à aviação civil não é possível”, todos “dizem ‘sim, mas’ e este ‘mas’ é que é o busílis”.

A Força Aérea, “os militares, dizem que, se lhes forem criadas condições adequadas noutro sítio”, se pode avançar com a ideia, mas “já foram feitas várias pesquisas” e continua sem se saber onde é possível criar essas condições, sem encargos muito elevados.

A abertura ao tráfego aéreo civil de Monte Real, acrescentou Machado à agência Lusa, “tende para um ‘inconseguimento’, por razões de estratégia e de defesa”, entre outras.

Perante isto, o presidente da Câmara de Coimbra encomendou um estudo sobre a localização da alternativa “mais adequada” para “a implantação de uma infraestrutura aeroportuária” na região, em função da área/população a servir, até “100 quilómetros/uma hora de distância”, do impacto ambiental e das acessibilidades, entre outros aspetos, como o “descomprometimento” do local com “outras servidões ou concessões”.

Esse trabalho concluiu que o espaço que reúne as melhores condições situa-se nas “imediações de Coimbra”, a sul da cidade, “entre os concelhos de Condeixa-a-Nova, de Soure [no distrito de Coimbra] e de Pombal [distrito de Leiria]”, especificou Manuel Machado.

Para além do volume de população diretamente servida, houve o cuidado de considerar outras questões, como a não existência de “impedimentos determinantes sob o ponto de vista ambiental”, a proximidade de centros de atração, como Fátima, a Serra da Estrela ou as praias do litoral, comunidades do interior ou cidades como Aveiro, Castelo Branco, Coimbra, Leiria ou Viseu, e as acessibilidades – o local indicado fica perto do nó da A1 em Soure, das ligações ao interior (IC8 e A13) e ao litoral (A17) ou da linha ferroviária do Norte, exemplificou.

Na terça-feira, a Comunidade Intermunicipal (CIM) Região de Coimbra anunciou que vai promover uma reunião de concertação com as restantes CIM da região Centro, para ser criada uma posição conjunta e “sólida” de defesa, junto do Governo, de um aeroporto no território, que, “além de ser uma prioridade é, sobretudo, uma questão de justiça e premência”.

Nessa reunião, “vai-se discutir esta matéria sem tabus, nem preconceitos”, assegurou Machado.

Mas, advertiu, não se pode “ficar apenas expectante para saber se [a solução] é Monte Real ou não”, por isso Coimbra estudou “a localização mais adequada”.

A existência no Centro de “operação aeroportuária” é “essencial” para a região, que não pode continuar a ser “prejudicada”, salientou.

“Em função dos estudos, apresentámos publicamente e defendemos, e continuamos a defender, a localização do aeroporto na área de Condeixa, Soure e Pombal, como a mais adequada para servir a região, como a melhor solução”.

Manuel Machado, enquanto recandidato à Câmara de Coimbra, pelo PS, defendeu, em 2017, a criação de um aeroporto internacional na região, porque a hipótese de Monte Real – que, como fez questão de recordar, ele também defendeu – continuava a ser adiada, tendo, então, apontado como solução a ampliação do aeródromo municipal Bissaya Barreto, em Cernache, na periferia sul da cidade.

Depois da “afirmação política”, nas últimas eleições autárquicas, “foi feita uma análise, uma avaliação do custo/benefício de ampliação das pista do Aeródromo Bissaya Barreto”, conclui-se que seria “bastante oneroso e procurou-se outras soluções”, explicou o autarca.

No entanto, “continuou-se a investir na modernização, na requalificação, em melhorias e na certificação do aeródromo”, onde, “dentro de dias se vão instalar equipas especiais” de prevenção e combate a incêndios florestais, anunciou, salientando que esta estrutura “continua a ter préstimo para várias atividades, incluindo a económica”, como revela o facto de haver “operadores económicos interessados” na sua utilização.