Carregal do Sal lamenta que se atirem todas as responsabilidades para Câmaras

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O presidente da Câmara Municipal de Carregal do Sal lamentou hoje que “atiram com todas as responsabilidades” para cima das autarquias, sempre que há qualquer coisa de novo.

“Qualquer coisa que apareça de novo é com as Câmaras, as Câmaras é que têm de resolver e, mais uma vez, isto veio a confirmar-se. As Câmaras que resolvam”, apontou Rogério Abrantes.

O autarca, eleito pelo PS, lamentava assim o posicionamento do Governo, ao “atirar para as câmaras, de um momento para o outro, a responsabilidade e a obrigação de irem recolher os votos aos lares e de irem a casa dos confinados e dos casos positivos”.

“Atiram-nos com todas as responsabilidades para cima e acho que tem de haver bom senso e o bom senso devia ter começado há três ou quatro meses”, acrescentou, em declarações à agência Lusa, o também presidente da Comunidade Intermunicipal (CIM) Viseu Dão Lafões.

Reconheceu que a solução “poderá passar pelos trabalhadores da autarquia”, mas alertou que “eles não têm qualquer preparação para isso” e, tendo em conta o espaço de tempo até às eleições, 24 de janeiro, “não há muito a fazer”.

“Temos de resolver o problema. É-nos atribuída a situação e nós temos de a resolver, assim como temos de resolver tantas outras, porque infelizmente, quando há algo para resolver, é com as Câmaras. São os municípios que resolvem”, registou.

Rogério Abrantes recusou-se a falar no papel de presidente da CIM, porque o assunto não foi discutido, uma vez que “está tudo a sair agora em catadupa” e não houve tempo.

Mas, enquanto autarca, questionou “se já alguém tentou saber se as Câmaras têm meios adequados para fazer este trabalho”.

O autarca reconheceu que nesta altura já não é possível adiar as eleições, porque a Constituição assim o exige, mas questionou se “esta segunda ou terceira vaga da pandemia já não se adivinhava há mais tempo, a ver pelo que se passava” a nível europeu e mundial.

“Em setembro, outubro, isto já não se adivinhava? Desde essa altura não havia tempo de resolver a Constituição neste aspeto? Ou de adiar as eleições?”, questionou, enquanto lamentou que “o Governo agora não pode ajudar” e a “questão financeira é para ver depois de tudo” feito.

No concelho que preside, ao dia de hoje registava 230 casos confirmados de covid-19, “mas numa semana houve mais do que no ano inteiro, porque até ao final do ano Carregal do Sal registou 100 casos positivos”.

Neste sentido, admite que não sabe o que está para vir, mas, para já, disse que não pode fazer nada, “porque o número de inscritos é uma surpresa” e, numa semana, entre 18 e as eleições, as autarquias têm de “lidar com o número surpresa e organizar a realização deste trabalho”.

“É um tempo muito curto, porque não sabemos o que nos vai aparecer, mas temos de o fazer. Vamos todos trabalhar para que as coisas corram da melhor maneira, agora pode falhar alguma coisa e se falhar espero que não sejamos responsabilizados”, avisou.

As eleições presidenciais, que se realizam em plena epidemia de covid-19 em Portugal, estão marcadas para 24 de janeiro e esta é a 10.ª vez que os portugueses são chamados a escolher o Presidente da República em democracia, desde 1976.

A campanha eleitoral decorre entre 10 e 22 de janeiro, com o país a viver sob medidas restritivas devido à epidemia. Concorrem às eleições sete candidatos, Marisa Matias (apoiada pelo Bloco de Esquerda), Marcelo Rebelo de Sousa (PSD e CDS/PP) Tiago Mayan Gonçalves (Iniciativa Liberal), André Ventura (Chega), Vitorino Silva, mais conhecido por Tino de Rans, João Ferreira (PCP e PEV) e a militante do PS Ana Gomes (PAN e Livre).

Desde 1976, foram Presidentes António Ramalho Eanes (1976-1986), Mário Soares (1986-1996), Jorge Sampaio (1996-2006) e Cavaco Silva (2006-2016). O atual chefe de Estado, eleito em 2016, é Marcelo Rebelo de Sousa, que se recandidata ao cargo.