O presidente da Câmara de Viseu, Fernando Ruas, reconheceu que o Plano Ferroviário Nacional está “bem elaborado”, mas “não agrada”, uma vez que a ligação que passa por Viseu não foi considerada prioritária.
“É um plano ambicioso, parece-me até bem elaborado, mas no que nos diz respeito estávamos à espera de outra coisa, que se antecipasse. O prazo que é previsto, e é uma previsão, atira para o final do plano e isso não me agrada”, disse Fernando Ruas.
O autarca viseense, também presidente da Comunidade Intermunicipal (CIM) Viseu Dão Lafões, falava, hoje, à agência Lusa, a propósito do Plano Ferroviário Nacional (PFN), apresentado esta quinta-feira.
O presidente da Câmara de Viseu, de 73 anos, disse que tem “a certeza absoluta” de que já não verá o comboio em Viseu e não tem “qualquer esperança de que o plano venha a ser alterado”, mesmo com alterações governamentais.
“Independentemente do Governo que esteja, há uma coisa com que me baterei sempre: esta ligação ferroviária é prioritária”, sustentou o autarca, que tem debatido esta ligação nas reuniões de câmara, assembleias municipais e junto de membros do Governo.
Uma prioridade, justificou, porque “é mais perto em termos de velocidade a Madrid, a dois dos principais portos portugueses, que são servidos por esta via”, entre Aveiro e Espanha.
Além disso, e outro aspeto “muito importante ( …), se por acaso a intenção última do comboio é dar um impulso na descarbonização, então é a alternativa à A25 e eu não conheço nenhuma via maior, em termos de camiões, do que essa”, apontou o autarca.
Fernando Ruas não escondeu, no entanto, a “satisfação” por ter ouvido, no decorrer da apresentação do PFN, as “várias referências” a Viseu, sublinhando que toda elas estão no seguimento de “muitas declarações” feitas por si.
“Como a de que Viseu é a única cidade da Europa, com mais de 40 mil habitantes, que não tem comboio. Foi dito que era necessário e que era uma grande cidade e que precisava de comboio, mas onde estamos colocados só me leva a uma certeza: eu não vou ver”, reforçou.
Isto, porque, acrescentou, “não lhe foi dada nenhuma prioridade” e, mesmo que o plano se cumpra “e se faça é uma vantagem, mas não é para agora, só para depois de 2030 e tal, porque não tem financiamento em nenhum instrumento” de apoio.
O autarca referia-se aos quadros comunitários PT2020 e PT2030, assim como ao Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), onde “as prioridades deste plano estão inscritas e esta ligação de Aveiro, Viseu e Salamanca não está”.
“Estamos incluídos nas linhas de alta velocidade, que vão cobrir as 10 maiores cidades e nós estamos nessa, só que ainda está dependente da vontade espanhola. Ou seja, fica a porta aberta para que se diga que ‘bem, até o queríamos fazer, mas os espanhóis não querem’”, atirou.
Fernando Ruas concluiu lembrando que “aquela promessa de que todas as capitais de distrito teriam comboio, ontem [quinta-feira] ficou bem claro que é até 2050”.