O presidente da Câmara de Viseu mostrou-se hoje “muito preocupado” com a gestão dos fundos do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), porque diz ver “o apetite das áreas metropolitanas de Lisboa e Porto” por esses recursos.
“Olho para o PRR com muita preocupação, porque dos 15,3 mil milhões de euros vejo cada vez mais o apetite das áreas metropolitanas de Lisboa e Porto para consumirem a esmagadora maioria desses recursos”, disse António Almeida Henriques.
Em conferência de imprensa, à margem da reunião do executivo, o presidente da Câmara disse que vê, igualmente, “o apetite das entidades do Estado central que querem consumir estes recursos que são para fazer face à pandemia e à crise económica do país, mas que também têm de ter uma perspetiva de coesão territorial”.
“Até aceito que a gestão seja feita num só organismo a nível nacional, aceito que seja a agência de coesão a fazer a gestão destes fundos, mas é necessário fazer a gestão destes 15,3 mil milhões de euros em articulação” com outras entidades, defendeu.
Uma articulação que Almeida Henriques defendeu que “deve ser feita com os PO [programas operacionais] regionais, com as CIM [comunidades intermunicipais] e com as câmaras municipais”.
Almeida Henriques disse ainda que vai “exigir uma posição de força na região Centro, em conjunto com a região Norte, porque a região Norte são mais municípios do que a área metropolitana do Porto para que o Governo inverta a filosofia que tem vindo a trilhar e que muito preocupa”.
“Praticamente é deixar que este bolo de apoios para o país inteiro seja concentrado para Lisboa e Porto. Tenho grande preocupação, mas também expectativa de que o senhor primeiro-ministro, que também já foi autarca, tenha aqui um arrepio”, disse.
No que diz respeito ao município que lidera, Almeida Henriques disse que Viseu tem muitos projetos perfeitamente elegíveis do ponto de vista do PRR”, entre os quais “a Estrada Nacional (EN) 229, Viseu – Sátão, a ampliação do Aeródromo Municipal Gonçalves Lobato, o Viseu Arena, todo o investimento previsto nas Águas de Viseu para os vários municípios, assim como o próprio Centro Oncológico” do Centro Hospitalar Tondela Viseu.