Câmara de Viseu aprova 550 mil euros para 24 projetos culturais

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A Câmara de Viseu aprovou hoje um financiamento de 550 mil euros para 24 projetos do programa municipal de apoio a projetos culturais, que contou com os votos contra da oposição.

Em declarações aos jornalistas no final da reunião de Câmara, o seu presidente, Almeida Henriques (PSD), disse que foi aprovada a lista final de projetos a financiar no âmbito da linha “Programar”, que se destina a apoiar festivais e eventos culturais.

Esta linha “contempla o financiamento de 11 projetos a realizar em 2020, num valor de 450 mil euros, acrescido de um apoio não financeiro até mais 25% (na ordem dos 550 mil euros)”, explicou.

Segundo Almeida Henriques, da lista “fazem parte projetos já apoiados em edições anteriores”, de que são exemplo o Vista Curta e o Shortcutz Viseu (na área do cinema, que este ano serve de mote à promoção de Viseu), o Festival Internacional de Música da Primavera, o Outono Quente, o Festival de Jazz de Viseu, os Jardins Efémeros, o Viseu Rural 2.0 e os Passeios pela Literatura.

O autarca acrescentou que foram também aprovados projetos inéditos, como o Diálogos, da Associação Nicho (dirigida por Graeme Pullyen), o Festival Internacional de Dança Jovem Lugar Futura, da Escola de Dança Lugar Presente (que conta com a direção artística de Leonor Keil) e o espetáculo descentralizado ‘O Último Julgamento’, do Teatro de Montemuro.

Durante a reunião de hoje, o executivo aprovou também o “projeto de decisão” dos projetos a financiar na linha “Criar”, que tem uma dotação orçamental de 100 mil euros e visa estimular a criação artística, que também contou com os votos contra do PS.

“Ao todo, foram recebidas na linha ‘Criar’ 32 candidaturas, das quais 13 são considerados para aprovação”, explicou.

Os vereadores socialistas votaram contra quer a decisão final da linha “Programar”, quer o projeto de decisão da linha “Criar”, por considerarem que é possível “construir um programa melhor e mais completo, em conjunto e em diálogo com as forças vivas de Viseu”.

Neste âmbito, o PS está a convocar os agentes culturais de Viseu para uma sessão a realizar em 07 de março.

“Algo não está bem. Algo tem de mudar. Hoje, o sinal político que transmitimos é precisamente esse: algo tem de mudar”, justificou o vereador José Pedro Gomes aos jornalistas, acrescentando que, enquanto sentirem que não há mudança, votarão “contra todos os pontos” relacionados com o programa Viseu Cultura.

Questionado pelos jornalistas sobre a saída de Paula Garcia da direção do Teatro Viriato, que foi anunciada na quarta-feira, Almeida Henriques lamentou ter sido confrontado com o facto já consumado, o que considera que eticamente não foi correto, porque o município é o proprietário do teatro e o principal financiador da sua atividade.

No entanto, garantiu que a Câmara “vai manter uma relação institucional normal” com o Centro de Artes do Espetáculo de Viseu (CAEV), entidade responsável pela gestão e programação do Teatro Viriato.

Os vereadores do PS consideraram que o comunicado emitido na quarta-feira pelo município – que alude a “um profundo desrespeito institucional e uma quebra dos mais elementares princípios éticos da confiança e parceria” – lhes pareceu “desproporcionado”.

“Não sabemos se estão mais uma vez a questionar a autonomia do CAEV. Não queremos acreditar nisso. Mas parece-nos que, do lado do teatro, reina a tranquilidade com esta mudança”, frisou José Pedro Gomes.

A artista e escritora Patrícia Portela vai substituir Paula Garcia, que “deixa o seu lugar para abraçar um novo desafio profissional”, segundo referiu o CAEV em comunicado.