O Bloco de Esquerda (BE) vai questionar o Governo sobre o encerramento entre as 20:00 e as 09:00 das urgências pediátricas da Unidade Local de Saúde Viseu Dão Lafões (ULSVDL) a partir do dia 01 de junho.
“O Bloco de Esquerda questionará o Governo, através do seu grupo parlamentar na Assembleia da República, sobre esta matéria e continuará presente em todas as lutas pela preservação e melhoramento do Serviço Nacional de Saúde” (SNS), referiu o partido, em comunicado de imprensa.
O BE “defende a abertura de um regime de exclusividade, de adesão voluntária para todos os trabalhadores do SNS, com majoração dos seus salários em 40%, permitindo captar profissionais”, porque “será necessário melhorar as condições de trabalho para todos os profissionais” da Saúde.
A administração da ULSVDL informou, ao final da tarde de segunda-feira, que a urgência pediátrica estará encerrada ao exterior todos os dias no período noturno, entre as 20:00 e as 09:00, a partir de 01 de junho.
Em comunicado, a administração hospitalar informou que recorreu à “contratação de pediatras, em regime de prestação de serviços, para realizar turnos de urgência”, mas “a saída dos dois internos que terminaram agora a especialidade, aliada ao facto de ainda não ter sido aberto o concurso nacional para médicos recém-especialistas, agravou as condições de resposta da Urgência Pediátrica”.
Em 01 de março, a administração já tinha ativado o Plano de Contingência da Urgência Pediátrica, ao encerrar no período noturno as urgências pediátricas entre quinta-feira e domingo.
O BE destacou que “as urgências mais próximas, com pediatras, situam-se a 80 quilómetros (km), em Aveiro e na Guarda, ou em Coimbra, a 90km, implicando deslocações em serviços ainda portajados ou em obras, no caso do Itinerário Principal 3 (IP3)”.
“A agravar a isto, o facto de haver cada vez menos profissionais para garantir o serviço de urgência pediátrica pode levar, no futuro, a uma situação extrema de encerramento do bloco de partos”, sublinhou o BE.
O partido lembrou ainda que, em Viseu, “já decorreram 178 partos relativos ao distrito da Guarda, por encerramento do bloco de partos local, durante os fins de semana durante parte do ano de 2023, principalmente no verão”.
“Esse número é cerca de 40% dos partos ocorridos no Hospital Sousa Martins, na Guarda (450 partos) nesse ano”, destacou.
O BE referiu ainda que “o problema é ainda mais antigo” e remonta ao verão de 2023, quando “pediatras de outros hospitais realizaram turnos, em prestação de serviços”, em Viseu e lembrou que, nesse ano, “o concurso ficou deserto”.
“Dada a gravidade da situação, é necessário encontrar explicações e soluções para sucessivos problemas, não só em serviços de urgências, como nos cuidados primários um pouco por todo o distrito, agravados por uma situação de interioridade; urge travar o processo de desestruturação em curso do SNS”, apontou.
Depois do anúncio da administração da ULSVDL, os presidentes das Câmaras de Viseu e Tondela, Fernando Ruas e Carla Antunes Borges, respetivamente, lamentaram o encerramento e criticaram a falta de informação por parte do presidente da unidade de saúde.