Bloco de Esquerda denuncia estado de degradação da Ecopista do Dão

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“A Ecopista do Dão está altamente degradada nos concelhos de Santa Comba Dão e Tondela:

A Ecopista do Dão, no seu percurso pelos concelhos de Santa Comba Dão e Tondela, encontra-se num estado de degradação preocupante e perigoso para os/as utentes que utilizam esta referência turística e desportiva da região. Os incêndios de Outubro de 2017 afetaram a maior parte do percurso nestes dois concelhos e vieram agravar o estado lastimável em que se encontra a Ecopista, que desde então está por requalificar e num cenário de abandono total.

Desde as vedações de madeira, que acompanham todo o percurso da Ecopista e que protegem os/as utentes de ribanceiras ou outros perigos, que se mantêm completamente queimadas e degradadas sem haver qualquer tipo de proteção nas bermas, até parques de convívio e circuitos de manutenção completamente destruídos. Sem esquecer que a manutenção das zonas verdes também não é feita, tendo até já existido denúncias de utentes por causa de lesões por haver zonas em que o mato estava demasiado grande.

 

A Ecopista do Dão como referência da região:

A Linha do Dão foi das primeiras vias-férreas de bitola estreita de Portugal, tendo sido inaugurada a 25 de novembro de 1890. Com início na estação de Santa Comba Dão, onde intersectava a Linha da Beira Alta, a Linha do Dão viria ainda a passar por Tondela, atravessando as terras do Dão, até chegar à estação de Viseu numa extensão total de 49,2 Kms. Em agosto de 1972, o serviço de mercadorias foi suspenso, sendo a Linha do Dão totalmente encerrada em 25 de setembro de 1988. Entre 1997 e 1999 os carris foram levantados, bem como o balastro e as travessas, tendo todo o património edificado ficado ao abandono.

A Ecopista do Dão beneficiou-se de fundos comunitários europeus e desenvolveu-se ao longo do antigo ramal ferroviário do Dão, numa extensão de 49,2 Kms, atravessa os concelhos de Viseu, Tondela e Santa Comba Dão. Esta infraestrutura integra a rede nacional de Ecopistas que se articulam entre si através de outros corredores verdes para a promoção do turismo de natureza e do turismo cultural e paisagístico. A Ecopista, em si mesma, é já um elemento físico estruturante ao qual podem ser agregadas outras infraestruturas de animação turística e desportiva, assim como, agentes económicos prestadores de serviços tendo até recebido um prémio europeu de excelência em 2013.

Hoje em dia, não só as populações destes três concelhos foram privadas da ferrovia, como a própria ecopista é uma infraestrutura abandonada na maioria do seu percurso.

 

As promessas de investimento e a requalificação no concelho de Viseu:

Em Março de 2018 foi anunciado pelo Governo um investimento de um milhão de euros para unir a Ecopista do Dão à de Penacova e assim transformar a Ecopista no maior percurso com estas características da Europa.

Em Junho de 2018, o Presidente da Câmara de Tondela anunciou a requalificação da Ecopista nos dois concelhos afetados pelos incêndios através de fundos procedentes da CIM Viseu Dão Lafões, mas ainda não avançou qualquer tipo de obra e o percurso continua deficitário, perigoso e totalmente ao abandono.

No concelho de Viseu, embora a manutenção não tenha sido frequente e até há bem pouco tempo existirem problemas com o piso, vedações ou bebedouros, por exemplo, de momento é bem visível que recentemente foram feitos pequenos remendos de manutenção e requalificação para manter a Ecopista num estado digno e minimamente utilizável.

 

O Bloco de Esquerda (Comissão Coordenadora Distrital e Comissão Coordenadora Concelhia de Viseu) entende a Ecopista como uma ligação simbólica entre concelhos do interior, cujas populações foram lesadas no direito à mobilidade ao serem privadas da ferrovia. Não manter as condições de segurança e utilização da Ecopista é privar as populações de mais uma infraestrutura de dinamização e valorização da região. Continuaremos a denunciar o abandono da Ecopista e a exigir, perante os órgãos competentes, a requalificação e manutenção da mesma.”