Autarca de Castro Daire surpreendido com anúncio sobre cordão sanitário

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O presidente da Câmara de Castro Daire, Paulo Almeida, disse ter ouvido “com surpresa” a diretora-geral da Saúde afirmar ontem que não se justifica um cordão sanitário no concelho e frisou estar a aguardar “orientações” sobre as medidas a aplicar.

O autarca de Castro Daire, no distrito de Viseu, afirmou, em declarações à agência Lusa, não ter “nenhuma informação objetiva daquilo que serão as medidas a serem decretadas” no município, pelo que não pôde “comentar as breves palavras” de Graça Freitas na conferência de imprensa diária de acompanhamento da pandemia da covid-19.

“Não sei quais as medidas que se pretendem tomar relativamente à nossa situação. Estou na expectativa de saber o que resulta da avaliação feita pelas entidades máximas da saúde quanto à situação epidemiológica no nosso concelho”, referiu Paulo Almeida.

O autarca adianta que, até quinta-feira, existiam no concelho 81 casos confirmados e que se registou o primeiro óbito.

Há vários casos confirmados em lares de idosos, 140 testes a aguardar os resultados e muitas pessoas relativamente às quais não se sabe a origem da infeção, indicou.

“Estamos na fase de transmissão comunitária ativa, o que obriga a medidas mais restritivas”, preconizou.

O presidente da Câmara de Castro Daire sublinhou que a possibilidade de criar um cerco sanitário no concelho “foi colocada em cima da mesa” por, durante a semana, “muita gente” ter antecipado o regresso ao município e se ter verificado uma grande circulação de pessoas na rua, situação que importava travar.

Ontem, acrescentou, houve um reforço do controlo da GNR na via pública e o movimento reduziu.

“.. está bastante mais calmo”, informou, reforçando que tem estado em contacto permanente com a Autoridade Regional da Saúde.

A diretora-geral da Saúde afirmou ontem que o cordão sanitário ao município de Castro Daire não se justifica, sendo apenas necessário reforçar a contenção junto da população.

Na quinta-feira, o autarca disse à agência Lusa que validava e apoiava a possibilidade de o Governo avançar com uma cerca sanitária no concelho, uma vez que a pandemia está a ter “contornos bastante alarmantes”.

“Somos da opinião que são necessárias medidas, não de sensibilização e de recomendação, mas medidas que imponham regra e ordem nas pessoas. E, nesse sentido, colocámos em cima da mesa e estamos de acordo com a aplicação de medidas restritivas no nosso concelho, nomeadamente com a questão da cerca sanitária”, explicou então Paulo Almeida.