Associação Mover Viseu passa a ter estatuto de utilidade pública

A associação Mover Viseu, que nos últimos anos tem dado uma resposta lúdico-terapêutica a crianças e jovens com deficiência, conseguiu a atribuição do estatuto de utilidade pública, hoje publicada em Diário da República.

Este estatuto era muito ansiado pela direção da associação Mover Viseu, criada em 2015 principalmente para dar resposta, a nível local, aos atletas de desporto adaptado e em termos de terapêuticas, mas que, ao longo dos anos, foi aumentado o seu âmbito de ação.

“O estatuto vai abrir-nos portas. Daí a luta que tivemos durante quase dois anos para o conseguir”, afirmou à agência Lusa a presidente da direção, Ana Paula Braga.

Segundo a responsável, a associação quer crescer, mas sente “muitas dificuldades” e a maior parte do trabalho é feito por voluntários.

Atualmente, a Mover Viseu está instalada num edifício no Bairro da Balsa e apoia 12 jovens, dois dos quais já têm mais de 18 anos.

“Não podemos ter muitos mais, porque só temos uma pessoa que está efetiva e voluntários. E, em termos de infraestruturas, estamos a precisar muito de mudar de espaço. Este espaço até aqui satisfez, mas começa a ser pequeno para as necessidades”, lamentou.

Ana Paula Braga contou que, quando a associação nasceu, o objetivo era “dar resposta principalmente ao desporto adaptado, porque a nível local, para além da Associação de Paralisia Cerebral de Viseu (APCV), não havia muito mais associações” a fazer esse trabalho.

“Também era para dar apoio em termos de terapêuticas (Psicologia e Terapia Ocupacional), mas numa perspetiva diferente, mais abertas à comunidade”, explicou.

Neste momento, e numa altura em que tem apenas um atleta, a associação tem colmatado outras lacunas sentidas pelas famílias, relacionadas quer com os jovens deficientes em idade escolar, quer com aqueles que terminam o ensino obrigatório e precisam de uma resposta diferente da que é dada nas instituições de apoio a deficientes.

“Estamos a ir buscar às escolas miúdos que, no fim das aulas, não tinham uma resposta”, afirmou a dirigente, contando que estes jovens não podem frequentar os centros de atividades de tempos livres (ATL) porque têm “limitações graves em termos cognitivos ou são dependentes de fralda”.

A associação Mover Viseu dá este apoio às famílias dos jovens quer após as aulas diárias, quer durante as interrupções letivas.

“Os pais foram-nos procurando e solicitando esta resposta. Preenchemos essa lacuna e desenvolvemos atividades com eles do ponto de vista técnico e terapêutico. Temos sempre a intenção de dar uma resposta lúdico-terapêutica”, frisou.

Àqueles que completaram 18 anos, terminaram a escolaridade obrigatória e não têm perfil para estar numa instituição, a Mover Viseu tem arranjado estágios de algumas horas por dia num restaurante.

“No ano passado tivemos um, este ano temos dois casos. Para o próximo ano estamos com perspetiva de ter mais dois ou três”, contou Ana Paula Braga.

Com o estatuto de utilidade pública agora conseguido, a dirigente espera que a associação consiga mais apoios que permitam ajudar estes jovens.

“Os nossos fins primeiros continuam. Continuamos a ter o desporto e continuamos a dar o apoio em terapias, mas também temos esta resposta em termos sociais, porque não existe”, sublinhou.

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