Sernancelhe e Resende são os dois únicos concelhos do distrito de Viseu em risco moderado – os restantes estão em níveis muito elevados e com mais restrições -, mas os autarcas não consideram este municípios fora de risco.
“Não somos nenhuma ilha. O vírus não escolhe fronteiras administrativas. Os 5.500 habitantes de Sernancelhe estão também todos em risco elevado, porque não podemos dissociar uma região inteira num raio bastante alargado”, disse à agência Lusa o presidente da Câmara de Sernancelhe.
Carlos Silva Santiago entende que “se os colegas à volta [do seu concelho] estão todos numa circunstância excecional, Sernancelhe também está, até porque os municípios não se conseguem definir entre si como nas cartas militares”.
Sernancelhe faz fronteira com outros concelhos do distrito de Viseu e alguns da Guarda, todos eles em risco muito elevado devido à pandemia de covid-19 e tendo em conta o número de infeções existentes no município.
“Há aldeias que se dividem. Temos a freguesia de Ponte do Abade”, que “pertence a Aguiar da Beira (Guarda) e outra metade a Sernancelhe. A população que vive de um lado do rio não tem covid e a outra tem?”, questiona e responde: “estamos todos na mesma circunstância”.
O presidente da Câmara Municipal de Resende, que, no norte do distrito, faz fronteira com o Rio Douro, disse à agência Lusa que “o facto de o comércio e os serviços (no fundo, a economia local) subsistirem muito à base dos seus habitantes pode ajudar na redução de números”.
“Não dependemos de pessoas de fora do concelho o que acaba por ser uma vantagem”. Algum dia a diminuição da população e a mobilidade entre os concelhos teria de ser uma vantagem, contribuindo para que “haja menos números ativos no município”, defende Garcez Trindade.
Ainda assim, o autarca alerta que agora o município está em nível moderado, mas “já esteve melhor e pior e, daqui a uns dias, poderá voltar a piorar, basta haver um surto num lar e os números disparam logo”, alerta.
“Estamos a tentar controlar de alguma maneira [esse risco] ao assegurar que tenham todos os cuidados e mais alguns, nas residências e lares de idosos”, no sentido de “tentarmos não passar pelos problemas que os concelhos vizinhos estão a passar, assim como uma boa parte do país”, sublinha o autarca de Resende.
Para o presidente da Câmara de Sernancelhe, as infeções em lares e instituições similares não deveriam entrar na “contagem dos casos nos municípios, ou seja, os casos ativos nas instituições de solidariedade social estão confinados ao local”, afirma.
Esses casos “não deveriam contar para o rácio dos municípios” e sua classificação em “risco moderado ou muito elevado”.