O presidente da Câmara Municipal de Viseu, Fernando Ruas, anunciou que o antigo estúdio do Batalha, lhe faz lembrar a Livraria Lello, será um museu, com algum do seu espólio, e um espaço de café-concerto.
“Neste momento estamos numa fase de inventariação, porque, felizmente para nós, compradores, o espólio e o acervo que lá está é extenso e há coisas que queremos aproveitar e outras devolver a alguns viseenses”, disse Fernando Ruas.
Entre o espólio, revelou, “está um piano, álbuns de alguns casamentos, certamente de pessoas que não os foram levantar e, será com todo o gosto, que serão ofertados a quem reivindicar a sua propriedade”.
“Há um conjunto de instrumentos, desde as antigas máquinas de fotografar a outros, que vamos tentar lá deixar no espaço museológico, porque o museu é uma certeza, e, depois, queremos criar um espaço que seja ponto de encontro como um café-concerto”, adiantou.
Fernando Ruas falava hoje à margem da apresentação da programação de Natal, que também passa pela rua Direita, antiga artéria “com mais comércio” na cidade e que “hoje é preciso revitalizar e dinamizar”.
O edifício em causa é da antiga Foto Batalha, um “edifício histórico” situado na rua Direita, com a frente em pedra e de vários andares que a Câmara Municipal de Viseu adquiriu recentemente.
“O edifício já tinha sido vendido, não exercemos o direito de preferência no primeiro vendedor, foi no segundo, que por acaso se mostrou com toda a abertura e disponibilidade”, indicou.
O autarca social-democrata assumiu ainda que, após a compra, na primeira visita que o executivo fez ao edifício, achou que “era muito parecido, por exemplo, com a Livraria Lello”, no Porto.
Perante isso, revelou, “a primeira coisa” que sugeriu foi “dar-lhe vida com um espaço de café-concerto, ou algo assim, porque aquilo presta-se mesmo a isso”, além da musealização.
Fernando Ruas admitiu que este prédio se destinaria a habitação, “assim como os outros dois edifícios” que a Câmara Municipal de Viseu também adquiriu naquela artéria do centro histórico da cidade.
“A ideia era fazer habitação na rua Direita, mas quando fomos visitar, dissemos logo que não. Este não. Os outros dois ficam para habitação”, sublinhou Fernando Ruas.
O autarca, de 74 anos, lembrou que, no seu tempo de estudante, “era no Batalha, no Germano ou no Aires, que se faziam as fotografias, eles eram os três fotógrafos, todos históricos e icónicos” de Viseu.
“O Batalha, ainda por cima, pintava extraordinariamente bem, há muitos viseenses com coleções do Batalha”, acrescentou.
Segundo a página da internet da Câmara de Viseu, António Batalha nasceu em 10 de setembro de 1911, em Almeida (distrito da Guarda), pouco depois a família mudou-se para Viseu onde o seu pai, Joaquim Monteiro Batalha, fundou a Fotografia Batalha, em 1912.
“Pintor autodidata, António Batalha teve o seu ateliê na rua Direita, em Viseu, e destacou-se essencialmente na pintura de retratos, apesar de também ter dado especial relevo à paisagem, na qual tanto assume a ruralidade regional, como o cosmopolitismo das cidades que visita”, descreve a autarquia.
Trabalhou também como fotógrafo em Lisboa e no Porto, antes de, na década de (19)50, se fixar em Viseu, onde deu continuidade à Fotografia Batalha.
“Participou em inúmeras exposições, individuais e coletivas, tendo recebido, em 1957, o 3.º prémio da Sociedade Nacional de Belas Artes”, destaca a autarquia.