Nos inícios de século XII, alvores da nacionalidade Portuguesa e com a vinda de oito Monges Cistercienses de França chamados de; Boemundo, Aldeberto, João, Bernardo, Alberico, Sisinando, Rolando e Alano, enviados por S. Bernardo de Claraval, deram início á primeira instalação do primeiro complexo monástico da Ordem de Cister em Portugal.
Um eremitério seguindo a regra de S. Bento está na origem da nova fundação, que foi muito apoiada pelo nosso primeiro rei, D. Afonso Henriques na qual esteve ao presente ao cerimonial, bem como Egas Moniz seu aio.
Apôs várias démarches a 30 de junho de 1152, foram iniciadas as obras de construção da Igreja conventual, conforme se pode observar na gravação de uma pedra que serviu de tímpano de uma porta de acesso aos claustros do lado norte e que hoje se encontra exposta no Centro Interpretativo do Mosteiro.
Foi contratado o melhor arquiteto de então de nome João Froilaz, de reconhecidos méritos natural de Tarouca (personalidade meio esquecida em terras Tarouquenses) e de grande relevo na época a quem foram confiados os desenhos do mosteiro, segundo a planta modelo Cisterciense e a condução dos trabalhos da Abadia.
A sagração da Igreja aconteceu no dia 18 de maio de 1169, conforme se pode ler numa inscrição evocativa á direita do portal principal da Igreja conventual, embora alguns historiadores discordem do mês citado.
18 de maio de 1169 coincidiu ser a um domingo, dia de excelência no calendário religiosos para a dedicação de uma nova Igreja.
Nesse dia festivo ao som de muitas trombetas e tambores como era natural nesse tempo, estiveram muitas pessoas presentes e ainda os Bispos de; Braga D. João Peculiar, de Lamego D. Mendo, de Viseu D. Gonçalo, e do Porto D. Pedro, que juntamente com o Dom Abade do Mosteiro de nome Gerardo, (Geraldo) procederam ao ritual da sagração da nova Igreja e a sua dedicação a S. João Batista. Foi sem dúvida um acontecimento muito importante para a época e que este ano completa a bonita idade de 850 anos.
Os Monges Cistercienses, designados por “Monges Brancos” em virtude do hábito que usavam ser maioritariamente de cor branca, desde 1834 que esta ordem monástica não tem representação masculina em Portugal, o que é pena.
Pelo início deste século uma pequena comunidade feminina instalou-se na província do Minho mais concretamente junto do Santuário de S. Bento da Porta Aberta, que apesar de ser um núcleo pequeno vai desempenhando com muito dinamismo a sua pastoral.
Apôs a expulsão das ordens religiosas o governo de então confiscou-lhes todos os bens, sabendo todos hoje qual foi o desfecho de tão trágico decreto governamental. A igreja conventual dedicada a S. João Batista 850 anos depois, guarda ainda ecos da presença de tantos e tantos acontecimentos culturais e religiosos ao longos dos seculos e continua a ser uma referência ao bom gosto na arte religiosa nacional e que anualmente é visitada por milhares de turistas.
A Igreja é de grandes dimensões e de planta cruciforme, ao longo dos seculos sofreu várias transformações, conforme os estilos que então vigoravam, mas a traça primitiva ainda hoje é percetível. O interior é composto de três naves sendo a central a mais elevada, onde guarda, dez altares ricamente ornados de talha dourada, onde se visualiza, pinturas esculturas e nas paredes azulejaria. O imóvel guarda ainda outras obras de arte de grande valor, por toda essa beleza e equilíbrio á quem a apelide de “Catedral do Bom Gosto” o que motiva milhares de turistas a visitá-la anualmente.
Em 1956 foi classificada como monumento nacional e em 1978 foi alargada essa classificação a todo o conjunto monástico.
Nestes oito séculos e meio de história é pena o monumental “Órgão de Tubos” de caraterísticas únicas na europa não estar funcional para poder alegrar tão importante data histórica da Sagração da Igreja Conventual de S. João Batista de Tarouca.
Carlos Albuquerque