O Natal e o natal

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O livro de Isaías anunciava, 700 anos antes de Cristo, o nascimento do Salvador do mundo, conforme está escrito: “Porque um menino nos nasceu, um filho se nos deu, e o principado está sobre os seus ombros, e se chamará o seu nome: Maravilhoso, Conselheiro, Deus Forte, Pai da Eternidade, Príncipe da Paz.” – Isaías 9:6. Da tinta profética escreveu-se o Verbo, a carne santa e imaculada, a Vitória reinante. Sim, Ele nasceria pelo mundo e para o mundo na pequena Belém de Judá, a terra de David, conforme foi prometido: “E tu, Belém Efrata, posto que pequena entre os milhares de Judá, de ti me sairá o que governará em Israel, e cujas saídas são desde os tempos antigos, desde os dias da eternidade.”– Miquéias 5:2. Cumpriram-se as profecias. Jesus Cristo nasceu em Belém e tornou-se majestade do Israel Humano, Messias dos judeus e dos gentios, Rei de todos os homens, Aquele que experimentou os nossos passos, padeceu das nossas fomes, amargou as nossas dores. Até ao Seu nascimento, o mundo desconhecia a luz, conhecia somente uma réplica solar, simples beijos celestes. Numa humilde e pobre manjedoura fundava-se a Verdade. Eis o Natal, estimados leitores. Quando o nosso amor for manjedoura, quando a caridade for Estrela de Belém, quando a fraternidade for profecia que se cumpre, Jesus nascerá em cada um de nós. Existe um Natal alternativo ao primeiro sono messiânico e não abdico dele. O Natal das constelações visitantes, dos telhados de luz, da vaidade cromática das árvores e dos sorrisos mais insistentes. Ah, o vermelho é tom-rei, as montanhas de embrulhos rasgados, as lojinhas vestidas de grinaldas coradas de azevinho. O Pai Natal canta os seus dialectos alegres, os coros saltitam pela frescura dos bafos e as famílias reúnem-se no círculo da ceia sagrada, onde o arroz doce, as rabanadas e o bacalhau afeiçoam-se ao paladar. Algumas cadeiras vazias acolhem nostalgias de infâncias luminosas e pessoas que permanecem em nós, convidados de saudade. Os presentes são periféricos, actores secundários. Devemos rasgar mais sorrisos do que embrulhos, abrir mais corações do que caixas e colorir mais almas do que obséquios. Que o amor apele aos abraços necessários, à mão dada aos suplicantes, ao pão dado à fome. Sejamos felizes!

Eis a verdade desta quadra, expressa nos mandamentos do Aniversariante: “Um novo mandamento vos dou: que vos ameis uns aos outros; assim como Eu vos amei; que dessa mesma maneira tenhais amor uns para com os outros.” – João 13:34. Desejo a todos os viseenses um Santo e Feliz Natal e votos de um novo ano fértil em realizações.

Francisco Paixão

Foto :Dulce Paixão