Associação cultural de Tondela faz digressão artística e solidária a Moçambique

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A Associação Cultural e Recreativa de Tondela (ACERT) anunciou ontem que vai fazer uma digressão a Moçambique, onde apresentará quatro espetáculos e estreitará laços com uma escola da cidade da Beira que foi afetada pelo furacão Idai.

José Rui Martins, da ACERT, explicou em conferência de imprensa que a digressão artística e solidária – que decorrerá de 20 de outubro a 09 de novembro – surgiu na sequência de um convite do Teatro Avenida/Grupo Mutumbela Gogo para participar no festival “Ahoje é ahoje”.

Ao longo dos anos, a ACERT tem dado “uma especial atenção à sua relação intercultural com os países de língua portuguesa” e, como não tinha condições financeiras para a deslocação a Moçambique, apresentou uma candidatura à Direção-Geral das Artes, tendo conseguido assim apoio para suportar as despesas de deslocação de 14 pessoas.

Neste âmbito, a ACERT estará no festival com os espetáculos “Para ti Sophia”, “A Ilha Desconhecida”, “20 Dizer” e num tributo a Fran Pérez, no qual participam os músicos de “O pequeno grande polegar”.

Mas, como frisou José Rui Martins, “o trabalho da ACERT está muito para além dos aspetos artísticos”, por considerar que a cultura deve intervir socialmente e de uma forma solidária.

“Aproveitámos este convite e localizámos uma escola secundária na Beira, com sete mil alunos, que foi fortemente afetada pelo furacão Idai”, contou, acrescentando que uma delegação fará uma visita ao estabelecimento de ensino.

Segundo José Rui Martins, trata-se de uma visita preliminar para “tomar contacto com a realidade”, não apenas ao nível de carências, mas também “a realidade da própria escola, as suas dinâmicas, os seus alunos e professores, que continuam a dar aulas como se nada se passasse”.

Por entenderem que “a cooperação não deve ser chegar, doar o que quer que seja e depois ir embora”, mas sim “uma relação continuada”, assim que regressarem de Moçambique, os elementos da ACERT farão sessões nas escolas de Tondela, na secundária Alves Martins (Viseu) e nos conservatórios de música de Coimbra e de Santa Comba Dão, que futuramente integrarão o projeto.

“Com os sinais que trouxermos deste primeiro contacto – fotografia, vídeo e a nossa oralidade muito regada com a parte emocional – vamos promover sessões nestas escolas para transmitir o que vimos”, frisou José Rui Martins.

O objetivo é não só alertar para a situação em que se encontra a escola, mas também possibilitar a troca de experiências, cabendo depois a cada um dos aderentes ao projeto decidir “qual a estratégia que segue para alimentar essa relação”, acrescentou.